FILOSOFIA

11� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 1

 

DA PERCEP��O � RAZ�O

 

   "A experi�ncia sens�vel parece ser a mais familiar das nossas experi�ncias: est� na base da nossa percep��o e do nosso conhecimento do objecto. O mundo n�o se apresenta, primeiramente, como um conjunto de qualidades sens�veis?
   (...)O sens�vel � um dado fundamental: em vez de o podermos conceber a partir de outra coisa, parece que � a partir dele que todo o real � conceb�vel. N�o constitui o sens�vel um elemento primeiro e um dos princ�pios do nosso conhecimento?
   O que � todavia, esta experi�ncia t�o evidente e t�o constante? A sensa��o, quando a queremos apreender, oculta-se e parece que s� se oferece numa experi�ncia limite (...) nas fronteiras da nossa consci�ncia. A sensa��o n�o existe; na realidade (...) � a percep��o e n�o a sensa��o que � para n�s incontorn�vel; � o objecto e n�o o sens�vel que nos � oferecido. (...)"

F. Alqui� (1957) L�exp�rience, Paris, PUF, pp.25-26.

 

"(...) Ent�o, quando o homem percepciona, percepciona certamente dados presentes e percebe-os porque est�o presentes (...), mas, ao percepcionar os dados e ao objectiv�-los opera com toda a carga da sua consci�ncia. (...) Dito de outro modo, os dados recebem complementos ou suprimentos por parte [das estruturas] do sujeito.
   (...) Em conclus�o: a percep��o � um conhecimento sens�vel porque os dados sens�veis s�o necess�rios e desempenham nela uma fun��o de centra��o; o conhecimento perceptivo �, sem d�vida, um conhecimento de experi�ncia (...). Mas, ao mesmo tempo, (...) a percep��o [mostra] que n�o existe uma imediatez absoluta neste conhecimento humano sens�vel. Os dados sens�veis recebem o seu sentido da integra��o no todo perceptivo, e nesse jogo desempenham um papel fundamental os elementos existentes na consci�ncia e anteriores � recep��o actual de tais dados".

S. R. Romeo (1985) Experiencia, cuerpo y conocimiento.

 

 

GUI�O DE AN�LISE (ANEXO 1)

 

Objectivos espec�ficos:

- Definir percep��o.
- Caracterizar a percep��o como esquema bipolar.

 

Metodologia de an�lise:

- Leitura conjunta dos textos;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das no��es centrais dos textos;
- Discuss�o oral.

 

Conte�dos informativos:

TEXTO 1

- O imediatismo da experi�ncia sens�vel � aparente.
- Na realidade � a percep��o e n�o a sensa��o que � o nosso dado de base.
- A experi�ncia sens�vel capta o mundo de um modo fixo, est�vel e ordenado segundo leis.

 

TEXTO 2

- A percep��o � uma forma de conhecimento por experi�ncia.
- A percep��o estrutura os dados sensoriais em conjuntos ou totalidades concretas.
- As totalidades percepcionadas constituem uma unidade de sentido.
- A percep��o completa os elementos sensoriais atrav�s de elementos n�o sens�veis.
- A percep��o humana requer e sup�e uma consci�ncia atribuidora de significa��es.
- A percep��o � um acto cognoscitivo complexo.

 

Tarefas:

- Constru��o de um esquema explicativo com a ajuda dos alunos, que procura ilustrar a percep��o como um processo bipolar.

 

 

FILOSOFIA

11� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 2

 

A PERCEP��O COMO PROCESSO BIPOLAR

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FILOSOFIA

11� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 3

 

DA PERCEP��O � RAZ�O

 

Objectivos:

- Descrever a actividade cognitiva
- Caracterizar a abordagem psicogen�tica
- Interpretar a actividade cognitiva

 

Da percep��o � raz�o

   Partindo da sua experi�ncia natural (conhecimento e experi�ncia) o sujeito humano procede a uma reflex�o para clarificar essa sua experi�ncia natural. Esse trabalho de distin��o leva � distin��o dos v�rios elementos - sensoriais, afectivos, racionais, lingu�sticos, sociais... - que combinados constituem essa experi�ncia natural como um todo.
   A experi�ncia que vamos adquirindo resulta do nosso contacto com o mundo. Dessa rela��o com o que nos circunda o ser humano vai extraindo conhecimentos que se v�o, progressivamente, integrando nessa mesma experi�ncia natural.
   A experi�ncia gera conhecimentos e o conhecimento � tamb�m experi�ncia
   A nossa rela��o directa com o mundo faz-se atrav�s dos sentidos. Deste modo, h� a tend�ncia para considerar o conhecimento imediato como equivalente ao conhecimento sensorial

 

SER� ASSIM? HAVER� UM CONHECIMENTO PURAMENTE SENSORIAL?

L� COM ATEN��O O TEXTO QUE SE SEGUE

 

FILOSOFIA

11� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 4

 

COMO SE ELABORA O CONHECIMENTO?

A PERSPECTIVA PSICOGEN�TICA

   "Defenderemos as hip�teses que seguem. Os nossos conhecimentos n�o prov�m nem da sensa��o nem da percep��o isoladas, mas da ac��o inteira da qual a percep��o constitui somente a fun��o de sinaliza��o. O que � pr�prio da intelig�ncia n�o �, com efeito, contemplar, mas �transformar�, e o seu mecanismo � essencialmente operat�rio. Ora, as opera��es consistem em ac��es interiorizadas e coordenadas em estruturas de conjunto (revers�veis, etc.), e se se quer dar conta deste aspecto operat�rio da intelig�ncia humana, � pois da pr�pria ac��o, e n�o apenas da percep��o, que conv�m partir.
   Com efeito, n�o se conhece nenhum objecto sen�o agindo sobre ele e transformando-o (do mesmo modo que o organismo n�o reage ao meio sen�o assimilando-o, no sentido mais lato do termo). E h� duas maneiras de transformar assim o objecto a conhecer. Uma consiste em modificar as suas posi��es, os seus movimentos ou as suas propriedades para lhe explorar a natureza: tal � a ac��o a que chamaremos �f�sica�. A outra consiste em enriquecer o objecto com propriedades ou rela��es novas que conservam as suas propriedades ou rela��es anteriores, mas que as complementam atrav�s de sistema de classifica��es, ordena��es, de correspond�ncias, de enumera��es ou de medidas, etc; tais s�o as ac��es a que chamaremos l�gico-matem�ticas. S�o, portanto, estas duas esp�cies de ac��es, e n�o s� as percep��es que lhes servem de sinaliza��o que constituem as fontes dos nossos conhecimentos cient�ficos.
   (...) Mas o importante para o conhecimento n�o � o seguimento dessas ac��es consideradas isoladamente: � o seu �esquema�, ou seja, aquilo que nelas � geral e se pode transpor de uma situa��o para outra (por exemplo, um esquema de ordem ou um esquema de reuni�o, etc.). Ora, o esquema n�o � tirado da percep��o (...). � o resultado directo da generaliza��o das pr�prias ac��es, e n�o da sua percep��o, e, como tal, n�o � de modo algum percept�vel".

J. Piaget, Psicologia e epistemologia, 1976.

Resumo do texto:

. N�o existe um conhecimento exclusivamente sensorial.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.

GUI�O DE AN�LISE (ANEXO 4)

 

Objectivos espec�ficos:

- Compreender como se elabora um conhecimento.
- Caracterizar a perspectiva psicogen�tica.

 

Metodologia de an�lise:

- Leitura conjunta do texto;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das no��es centrais dos textos;
- Discuss�o oral.

 

Conte�dos informativos:

- O conhecimento encontra a sua ra�z �ltima na ac��o.
- A percep��o exerce uma fun��o de sinaliza��o da ac��o.
- A ac��o cognoscitiva consiste em transformar o objecto atrav�s de opera��es.
- As opera��es s�o ac��es interiorizadas.
- A transforma��o do objecto do conhecimento consiste em atribuir-lhe propriedades novas.
- As ac��es l�gico-matem�ticas de classifica��o, ordena��o, enumera��o e o estabelecimento de correspond�ncias s�o uma forma de estabelecer novas rela��es.
- Os esquemas de ac��o, isto �, as formas de ac��o que s�o generaliz�veis para outras situa��es s�o fontes b�sicas do conhecimento.

 

Tarefas:

- Elaborar uma s�ntese das teses centrais do texto de J. Piaget.

 

 

FILOSOFIA

11� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 5

 

ASSIMILA��O/ACOMODA��O

 

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FILOSOFIA

11� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 6

 

O PAPEL DA PERCEP��O NA FORMA��O DOS CONHECIMENTOS

 

   " O problema final e fundamental que falta discutir pode enunciar-se como se segue: consistir� a percep��o numa simples leitura dos dados sensoriais ou em actividades que prefiguram as opera��es intelectuais e permanecem (...) em liga��o com elas?
   (...) Tudo o que sabemos actualmente fala a favor desta segunda solu��o (...). do que j� podemos ter a certeza � que as percep��es do espa�o, do tempo, da velocidade, da causalidade (...) etc., consistem em actividades muito mais complexas que simples leituras e manifestam j� uma organiza��o pr�-l�gica ou pr�-inferencial, de tal forma que (...) estas actividades prefiguram as da pr�pria intelig�ncia.
   (...) Podemos tirar duas conclus�es (...). Por uma lado, os conhecimentos nunca derivam exclusivamente da sensa��o ou da percep��o, mas tamb�m de esquemas de ac��es ou esquemas operat�rios de diversos n�veis, que s�o uns e outros irredut�veis � percep��o por si s�. Por outro lado, a pr�pria percep��o n�o consiste numa simples leitura dos dados sensoriais, mas comporta uma organiza��o activa, na qual interv�m decis�es e as pr�-infer�ncias e que � devida � influ�ncia sobre a percep��o (...) desse esquematismo das ac��es ou das opera��es.
   (...) Toda a hist�ria da f�sica, a mais avan�ada das disciplinas fundadas sobre a experi�ncia, nos mostra que esta nunca � bastante por si s� e que o progresso dos conhecimentos � a obra de uma uni�o indissoci�vel entre a experi�ncia e a dedu��o: � o mesmo que dizer, de uma colabora��o necess�ria entre os dados oferecidos pelo objecto e as ac��es ou opera��es do sujeito – essas ac��es e opera��es constituem o quadro l�gico-matem�tico fora do qual o sujeito n�o consegue assimilar intelectualmente os objectos".

J. Piaget, Psicologia e epistemologia.

 

   "Todo o conhecimento humano �, inevitavelmente, uma interpreta��o disso a que chamamos realidade. A significa��o consiste fundamentalmente nessa interpreta��o. � �bvio que esta significa��o e esta interpreta��o, que consideramos essencial em toda a forma de conhecimento humano, (...) temos que a atribuir 8...) � interven��o do dinamismo do sujeito.
   (...) Em toda a experi�ncia cognoscitiva existem dois elementos: os dados imediatos, por exemplo os sensoriais, que s�o apresentados ou dados � mente e juntamente com eles d�-se uma forma, constru��o ou interpreta��o que se origina na actividade do pensamento. (...) A admiss�o desta inter-rela��o � [um] ingrediente de qualquer gnosiologia. (...) Se n�o se d�o dados � mente, ent�o o conhecimento (...) careceria de conte�do e seria arbitr�rio (...) mas ao mesmo tempo, se n�o h� constru��o ou interpreta��o �imposta� pela pr�pria mente, ent�o o pensamento torna-se sup�rfluo (...).
   � preciso sublinhar o �tr�fego� entre experi�ncia e pensamento ou, o que � o mesmo, entre dados e conceitos ou ideias.
   (...) Cabe dizer que o homem tem de acolher esses dados na rede de s�mbolos e de signos com que estrutura o seu conhecimento (...). Os s�mbolos profundos (...) de que o homem se serve no acesso � posse cognoscitiva da realidade constituem essa rede ou trama de conceitos que funcionam como centros de aglutina��o da sua vida mental ou consciente. S� quando uma experi�ncia concreta encontrou o seu s�tio dentro dessa rede de conceitos � que adquire a sua significa��o aut�ntica; os dados enquanto n�o forem conceptualmente assumidos e integrados n�o deixar�o de ser dados ou factos brutos, isto �, sem significa��o ou com insuficiente significa��o.
   (...) A experi�ncia ultrapassa o n�vel do facto para se converter em conhecimento porque h� uma raz�o cognoscente e pensante que elabora e at� �manipula� os dados.(...)
   (...) Entre experi�ncia e pensamento existe uma rela��o totalizadora e integrante. O dinamismo totalizador est� a cargo de conceitos (...)".

S. R. Romeo, Experiencia cuerpo y conocimiento.

 

GUI�O DE AN�LISE (ANEXO 6)

 

Objectivos espec�ficos:

- Interpretar a actividade cognitiva.

 

Metodologia de an�lise:

- Leitura conjunta dos textos;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das no��es centrais dos textos;
- Discuss�o oral.

 

Conte�dos informativos:

TEXTO 1

- A perspectiva psicogen�tica descreve a actividade cognitiva como um processo de ac��o sobre o objecto em que este � transformado atrav�s de opera��es l�gico-matem�ticas.
- Considera que o conhecimento resulta da rela��o entre experi�ncia e opera��es espec�ficas do sujeito.
- Caracteriza o conhecimento como uma aquisi��o e constru��o elaborada pelas actividades de assimila��o e acomoda��o.
- Apresenta o desenvolvimento cognitivo como um caminhar progressivo para as opera��es formais.

TEXTO 2

- Com os elementos sensoriais fornecidos � mente d�-se uma constru��o ou interpreta��o originada na actividade do pensamento.
- No conhecimento h� um tr�fego entre dados e conceitos.
- Os dados transformam-se em experi�ncia quando s�o inseridos numa rede de conceitos.
- A raz�o cognoscente manipula os dados ordenando-os e relacionando-os.
- A achega da raz�o para o conhecimento consiste na introdu��o de rela��es abstractas, integradoras e totalizadoras.

 

Tarefas:

- Elaborar uma s�ntese da perspectiva psicogen�tica.

 

FILOSOFIA

11� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 7

 

COMO SE TRANSITA DO N�VEL PERCEPTIVO
PARA O N�VEL RACIONAL?

 

   Segundo a teoria psicogen�tica transita-se gradualmente atrav�s dos v�rios est�dios de desenvolvimento ou atrav�s de processos de assimila��o e acomoda��o, at� se chegar � fase das opera��es formais, ou opera��es l�gicas sobre s�mbolos, revers�veis entre si, independentemente do contexto psicol�gico e partindo de hip�teses.
   O que caracteriza o processo cognitivo � a tend�ncia para o equil�brio, equil�brio entre os dados e a actividade do organismo. No desenvolvimento deste interv�m:

* Dois sistemas com condi��es diferenciadas de equil�brio;

* Um sistema com condi��es permanentes de equil�brio, pr�prio do pensamento l�gico.

* Um sistema com condi��es moment�neas de equil�brio, pr�prio da percep��o.

   Mas os desequil�brios tamb�m s�o necess�rios e inevit�veis. � deles que resulta o desenvolvimento intelectual do sujeito. Nuns casos � a assimila��o que supera a acomoda��o e noutros � a acomoda��o que supera a assimila��o.
   Ex.: Quando a crian�a tem um grande n�mero de brinquedos com os quais ainda n�o sabe lidar. H� aqui uma assimila��o maior que a acomoda��o.
   No est�dio das opera��es formais o sujeito raciocina de modo hipot�tico- dedutivo, j� �reflecte para al�m do presente e elabora teorias sobre as coisas�; j� raciocina a partir do poss�vel atrav�s de implica��es, incompatibilidades, conjun��es etc. Pensa e reflecte racionalmente, usa a raz�o para interpretar teoricamente a realidade.

Conclus�o - O conhecimento n�o � um estado fixo e est�vel mas um processo, uma actividade, que se desenrola na interac��o entre um sujeito e um objecto

 

FILOSOFIA

11� ANO                                                                                                                                               ANEXO 7 A

 

FICHA DE TRABALHO

 

Exerc�cio 1

Defina:

- Percep��o
- Psicog�nese
- Assimila��o
- Acomoda��o
- Opera��es formais

 

Exerc�cio 2

   No esquema que caracteriza a percep��o como um processo bipolar indicam-se alguns �filtros�. Justifique a aplica��o deste termo �filtro� ao processo perceptivo.

 

Exerc�cio 3

a) �Os nossos conhecimentos prov�m exclusivamente da sensa��o�.
b) �O pr�prio da intelig�ncia � transformar atrav�s do mecanismo perceptivo�.
c) �Uma maneira de transformar consiste em enriquecer o objecto com propriedades e rela��es novas�.
d) �O esquema n�o � tirado da percep��o�.

Tendo em conta o texto lido e analisado na aula (anexo 4):

- Escolha a afirma��o menos correcta. justifique a sua escolha.
- Seleccione a afirma��o mais correcta. Justifique a sua escolha.

 

Exerc�cio 4:

- Resuma em seis t�picos a perspectiva psicogen�tica do conhecimento.

 

Exerc�cio 5:

- Caracterize o est�dio das opera��es formais.

 

 

FILOSOFIA

11� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 8

 

DESCRI��O FENOMENOL�GICA DO ACTO DE CONHECER

 

Objectivo: Caracterizar a perspectiva fenomenol�gica do conhecimento.

   Vamos tentar responder � quest�o sobre o que ser� o fen�meno atrav�s da perspectiva fenomenol�gica.
   J� n�o se trata da g�nese e desenvolvimento do processo cognitivo humano (n�vel psicol�gico), mas sim de descrever o pr�prio fen�meno do conhecimento tal como se apresenta � nossa consci�ncia (n�vel filos�fico).
   Vamos, antes de mais, esclarecer algumas no��es: Conhecimento, fen�meno e fenomenologia.

Conhecimento: O conhecimento � um modo de presen�a; conhece-se algo porque esteve ou est� na nossa presen�a.
O conhecimento � tamb�m um modo de representar; conhece-se algo porque temos a sua representa��o.
O conhecimento � um modo de rela��o entre um sujeito e um objecto mediado pela representa��o.

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Como � que surgem as representa��es ou imagens?

Quando olhamos para algo ou algu�m � provocada em n�s uma c�pia, ficamos com uma esp�cie de fotografia do original.
J� tivemos ocasi�o de verificar quando estudamos a perspectiva psicogen�tica que o sujeito n�o � passivo. Pelo contr�rio, ele � activo visto que organiza, coordena, d� forma as impress�es sensoriais provocadas pelo objecto. A imagem que n�s temos das coisas � uma cria��o ou constru��o nossa, resulta de uma actividade nossa

 

O conhecimento � um modo de actividade
Conhecer � uma actividade atrav�s da qual se estruturam ou constr�em
representa��es a partir de dados fornecidos pelos objectos.
O conhecimento � pois o resultado de uma interac��o sujeito – objecto

 

FILOSOFIA

11� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 9

 

Fen�meno: Quando usamos o termo fen�meno no nosso dia a dia, queremos muitas vezes significar algo de extraordin�rio algo que consideramos maravilhoso.
Mas quando falamos de fen�meno do conhecimento � obvio que n�o o estamos a usar nesse sentido. Mesmo ao n�vel comum a palavra fen�meno possui outros significados. Por exemplo, fen�meno � aquilo que impressiona os sentidos, que � objecto de experi�ncia. Fen�meno � a coisa que aparece.

 

A n�vel filos�fico o que significa fen�meno?

- Fen�meno, � como o n�vel comum afirmara, � o que � manifesta��o ou apar�ncia.
- Fen�meno � o que se revela por si mesmo.
- Pode ser objecto de uma descri��o.
- � uma ess�ncia ou um dado ideal cuja investiga��o requer condi��es filos�ficas especiais.
- Manifesta��o ou apar�ncia suscept�vel de descri��o que ir� ser utilizado no estudo do conhecimento.

Fenomenologia: Deriva da palavra grega phain�menon (=fen�meno) + logos (estudo).

A fenomenologia � o estudo dos fen�menos, teoria ou ci�ncia dos fen�menos para determinar as suas estruturas, a sua ess�ncia e tamb�m a sua g�nese.
A fenomenologia � um m�todo que permite descrever, na sua pureza, os fen�menos presentes � consci�ncia.
Os conte�dos da consci�ncia s�o puros dados.
O objecto apresenta-se � consci�ncia tal como �.
Todo o objecto presente � consci�ncia, seja material ou imaterial, � fen�meno.
O fen�meno presente � consci�ncia tem uma significa��o.
O conjunto dos fen�menos, enquanto significa��es, � o mundo.

A FENOMENOLOGIA � A PURA DESCRI��O DOS FEN�MENOS PRESENTES � CONSCI�NCIA.

 

FILOSOFIA

11� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 10

 

Vamos agora passar para a descri��o fenomenol�gica de acto de conhecer.
Como � que o sujeito apreende o objecto de conhecimento?

Existe entre o objecto e o sujeito uma correla��o irrevers�vel em que o sujeito sai de si para entrar na esfera do objecto. Ao apreender as determina��es do objecto, o sujeito est� como que fora de si.
O sujeito regressa a si fazendo entrar na sua esfera (consci�ncia) as determina��es do objecto.
A oposi��o sujeito - objecto � indestrut�vel, isto �, o objecto � transcendente ao sujeito apesar de este �captar � as determina��es daquele.
A apreens�o cognoscitiva do objecto consiste numa reprodu��o no pr�prio sujeito das determina��es do objecto.
O objecto permanece tal como era; o sujeito foi modificado pois nele nasceu a imagem do objecto.

Resumo:

Quando estamos a conhecer as coisas espontaneamente n�o temos consci�ncia do conhecimento, apenas temos consci�ncia do objecto. Apreendemos apenas o objecto e n�o o processo pelo qual ele � apreendido.
A apreens�o do pr�prio processo do conhecimento implica uma forma de consci�ncia reflexa ou de segundo grau.
Apenas a an�lise do fen�meno nos pode fazer descobrir as suas partes, � ela que faz adquirir consci�ncia da representa��o.
O objecto conhecido � inserido num todo e recebe uma significa��o.
A experi�ncia apresenta-nos o conhecimento como um progresso constante, implicando uma constante rectifica��o dos erros; por esse mesmo facto produz-se a reflex�o sobre a imagem e assim n�s adquirimos consci�ncia dela.
A imagem/representa��o � um terceiro termo que faz parte integrante da rela��o sujeito - objecto.
A representa��o � uma constru��o que funda e condiciona a rela��o sujeito - objecto.
A descri��o fenomenol�gica do acto de conhecer diz-nos que o conhecimento consiste na rela��o sujeito - objecto em que aquele procede � constru��o de uma representa��o deste.

CONHECER SERIA, ASSIM, CONSTRUIR UMA REPRESENTA��O DO OBJECTO.

in, M�rio Pissara e Alfredo Reis - Rumos da Filosofia (11�ano), Edi��es Rumo (adaptado).

 

FILOSOFIA

11� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 11

 

Objectivo: Analisar a dicotomia existente entre sujeito e objecto.

 

Na atitude natural a inten��o primeira do sujeito cognoscente est� dirigida para o objecto, para o mundo em geral. Esta � a atitude fundamental atrav�s da qual o homem se orienta.
Mas a experi�ncia do erro e da insufici�ncia dos conhecimentos necess�rios para resolver satisfatoriamente certas situa��es leva � reflex�o sobre o fen�meno do conhecimento.
Reflectir sobre o conhecimento equivale a virar-se para si, isto �, a inverter a direc��o do conhecimento do objecto para o sujeito. Equivale a perguntar em que condi��es se pode conhecer o mundo,

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Nesta descri��o aceita-se que o sujeito est� frente ao objecto que se lhe apresenta como algo �espacial�, como coisa transcendente. Por isso se diz que se o �sujeito quer apreender o objecto, tem de sair da sua esfera, (...) tem de ir ao objecto e regressar de novo a si.� Deste modo, podemos verificar que no conhecimento o objecto � tido como um ente independentemente do sujeito.

 

FILOSOFIA

11� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 12

 

COMO � QUE O SUJEITO APREENDE O OBJECTO
DE CONHECIMENTO?

 

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O sujeito sai de si para entrar na esfera do objecto.
O sujeito apreende as determina��es do objecto; o sujeito est� como que fora de si.
O sujeito regressa a si fazendo entrar na sua esfera (consci�ncia) as determina��es do objecto.
A oposi��o sujeito-objecto � indestrut�vel, isto �, o objecto � transcendente ao sujeito apesar de este �captar� as determina��es daquele.
A apreens�o cognoscitiva do objecto consiste numa reprodu��o no pr�prio sujeito das determina��es do objecto.
Esta reprodu��o � uma constru��o sob a forma de imagem/representa��o.
O objecto permanece tal como era; o sujeito foi modificado pois nele nasceu a imagem do objecto.

 

 

FILOSOFIA

11� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 13

 

SE H� DICOTOMIA SUJEITO/OBJECTO, SE AS SUAS ESFERAS EST�O SEPARADAS COMO PODE HAVER ENTRE ELES UMA RELA��O DE CONHECIMENTO?

 

Para a fenomenologia a rela��o do conhecimento seria como que � uma transfer�ncia para o sujeito das propriedades do objecto� mas em que o papel predominante � desempenhado pelo objecto. O objecto por si s� faz de elemento determinante, o sujeito � o elemento determinado.

Nesta perspectiva o sujeito desempenha um papel passivo e o conhecimento seria como que uma c�pia, reprodu��o de algo exterior que afectou de modo activo um sujeito receptivo.

 

Mas, como j� vimos anteriormente, o sujeito logo no acto da percep��o n�o � passivo, ele cria de imediato.

Logo, a rela��o sujeito/objecto n�o � uma rela��o de sentido �nico, antes possui uma dupla direc��o. O sujeito n�o se limita a uma posi��o de neutralidade e de indiferen�a.

 

A representa��o n�o resulta de uma experi�ncia que seja

apenas e s� objectiva mas sim de uma experi�ncia

subjectiva.

 

As imagens s�o uma cria��o do sujeito.

Os objectos do conhecimento s�o uma cria��o nossa.

O objecto do conhecimento � uma fun��o do

pr�prio sujeito

 

 

FILOSOFIA

11� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 14

 

CR�TICA � PERSPECTIVA FENOMENOL�GICA

 

   "O corpo � o centro, o �rg�o �criador� do nosso mundo. (...) Entendemos o mundo como um conjunto de significa��es em virtude das quais as coisas ou os acontecimentos adquirem um sentido e se convertem em objectos: o mundo humano � um mundo de objectos. As epistemologias gen�ticas demonstraram que todo o edif�cio do conhecer humano arranca da realidade e do exerc�cio das nossas dimens�es corporais, podendo depois ser submetido aos mais complicados processos de refinamento abstractivo, formalizador, objectivador, generalizador, etc. Com isto estamos a afirmar que, directa ou indirectamente, todo o conhecimento � mediado e, em certo sentido subjectivizado pelo corpo. (...) O mundo – o mundo humano – � o que � porque o meu corpo – o corpo humano – tem um determinado equipamento de �rg�os receptores que, necessariamente, joeiram os est�mulos e impress�es que recebo. Quer dizer, se se mudasse o nosso equipamento receptor, mudaria automaticamente o nosso mundo. (...) Se o corpo � o �lugar� de presen�a da realidade (...) esta s� se torna presente de modo aut�ntico no meu corpo, fundindo a sua presen�a com a presen�a deste. (...) Essa presen�a coincidente do meu corpo e do que por ele � presenciado � o ponto de arranque do meu conhecimento genu�no do mundo das coisas e acontecimentos.
   (...) Estamos de tal maneira �unidos� ao mundo pelo corpo que n�o posso entender o mundo sem corpo, nem toda a riqueza e complexidade do meu corpo sem o mundo. Separ�-los � mutil�-los, pelo menos ao cognoscitivo, j� que isso seria esquecer que o corpo � a media��o do meu modo de conhecer o mundo, porque o corpo � mundo".

S. R. Romeo, Experiencia, Cuerpo y Conocimiento.

 

  "Se Einstein relativizou o rigor das leis de Newton no dom�nio da astrof�sica, a mec�nica qu�ntica f�-lo no dom�nio da microf�sica. Heisenberg e Bohr demonstram que n�o � poss�vel observar ou medir um objecto sem interferir nele, sem o alterar, e a tal ponto que o objecto que sai de um processo de medi��o n�o � o mesmo que l� entrou. [Por exemplo] �a medi��o da curvatura do espa�o causada por uma part�cula n�o pode ser levada a cabo sem criar novos campos que s�o bili�es de vezes maiores que o campo sob investiga��o. A ideia de que n�o conhecemos do real sen�o o que nele introduzimos, ou seja, que n�o conhecemos do real sen�o a nossa interven��o nele, est� bem expressa no princ�pio de incerteza de Heisenberg: n�o se podem reduzir simultaneamente os erros da medi��o da velocidade e da posi��o das part�culas; o que for feito para reduzir o erro de uma das medi��es aumenta o erro da outra. Este princ�pio, e, portanto, a demonstra��o da interfer�ncia estrutural do sujeito no objecto observado, tem implica��es de vulto. (...) A distin��o sujeito/objecto � muito mais complexa do que � primeira vista pode parecer. A distin��o perde os seus contornos dicot�micos e assume a forma de um continuum. (...) O desconforto que a distin��o sujeito/objecto sempre tinha provocado nas ci�ncias sociais propagava-se assim �s ci�ncias naturais. O sujeito regressava na veste do objecto.
   (...)Podemos afirmar hoje que o objecto � a continua��o do sujeito por outros meios. Por isso todo o conhecimento cient�fico � auto-conhecimento".

Boaventura S. Santos, Um Discurso sobre as Ci�ncias.

 

 

GUI�O DE AN�LISE (ANEXO 14)

 

Objectivos espec�ficos:

- Criticar a perspectiva fenomenol�gica.

 

Metodologia de an�lise:

- Leitura conjunta dos textos;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das no��es centrais dos textos;
- Discuss�o oral.

 

Conte�dos informativos:

TEXTO 1

- O corpo � �criador� do nosso mundo.
- O mundo humano � um mundo de objectos.
- Todo o conhecimento � mediado pelo corpo.
- O mundo � o que � em fun��o do equipamento corp�reo.
- A realidade s� se torna presente fundindo a sua presen�a com a do corpo.
- A n�vel cognoscitivo n�o se pode entender o mundo sem o corpo e este sem aquele.

TEXTO 2

- A f�sica contempor�nea demonstra que o sujeito interfere na observa��o e na medi��o do objecto.
- Esta interfer�ncia tem implica��es epistemol�gicas.
- A dicotomia sujeito/objecto correspondeu a uma fase e a um tipo de ci�ncia que hoje est� em crise.
- A ci�ncia contempor�nea, mesmo a da natureza, assiste a um regresso do sujeito: �o sujeito regressa na veste do objecto�.
- No paradigma cient�fico em emerg�ncia considera-se que o �objecto � a continua��o do sujeito por outros meios�.
- N�o existe um conhecimento cient�fico totalmente objectivo e factual; o sujeito, com a sua subjectividade, est� sempre presente, por isso: �todo o conhecimento cient�fico � auto-conhecimento�.

 

Tarefas:

- Elaborar uma s�ntese das cr�ticas � perspectiva fenomenol�gica.

 

 

FILOSOFIA

11� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 15

 

OS MODELOS EXPLICATIVOS DO CONHECIMENTO

 

Objectivo: Analisar os modelos explicativos do conhecimento.

J� vimos anteriormente que os elementos sensoriais s�o inseridos numa rede conceptual, que a raz�o interpreta os dados relacionando-os, ordenando-os e integrando-os. Na rela��o cognoscitiva do homem com a realidade interv�m dois tipos de elementos: sens�veis e intelig�veis.

 

EM SUMA:

- O homem est� inserido numa realidade a qual observa.
- Os elementos sens�veis do conhecimento s�o os que mais espontaneamente toma consci�ncia.
- S� com um esfor�o de reflex�o toma consci�ncia dos elementos racionais e intelig�veis do conhecimento.
- S� depois reconhece que a imagem com que ficou dos objectos � uma constru��o sua.
- O conhecimento seria como que uma c�pia da realidade e a nossa mente como que uma esp�cie de m�quina fotogr�fica reprodutora dessa realidade.

 

Conhecer seria VER.


Um
dos principais modelos explicativos do conhecimento foi o da VIS�O. O conhecimento seria uma imagem ou representa��o adequada de natureza mental, do objecto conhecido. Modelo ic�nico ou representacional que encontra os seus prot�tipos na percep��o e na mem�ria.
O conhecimento foi concebido tamb�m a partir, n�o do ver, mas do DIZER.
Dizemos o que julgamos saber das coisas, formulamos enunciados sobre os objectos. Os enunciados seriam o conhecimento. Modelo Proposicional, segundo o qual um conhecimento � uma proposi��o verdadeira. Este modelo encontra o seu prot�tipo no enunciado cient�fico. Neste modelo o objecto do conhecimento n�o s�o as coisas mas as suas rela��es.
Estes s�o os dois modelos principais que se defrontam no decurso das discuss�es sobre o conhecimento.

 

FILOSOFIA

11� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 16

 

CARACTERIZA��O DE CADA MODELO

 

MODELO REPRESENTACIONAL OU IC�NICO: Este modelo considera a mente humana como um espelho onde as ideias se dariam a ver e faz genericamente equivaler conhecimento e representa��o interna, ou antes, conjunto de representa��es.

 

Surge aqui um problema:

 

O PROBLEMA DA DELIMITA��O DAS FRONTEIRAS ENTRE O QUE, NA REPRESENTA��O OU CONHECIMENTO, TEM ORIGEM NO OBJECTO E O QUE SE DEVE ATRIBUIR AO SUJEITO COGNOSCENTE.

 

TIPO ESTRUTURAL: O conhecimento tem origem na clareza e distin��o das ideias que fazem parte da estrutura da raz�o ou intelecto = RACIONALISMO

TIPO GEN�TICO: O conhecimento tem origem nos sentidos, as ideias s�o de origem sens�vel, prov�m da experi�ncia = EMPIRISMO

 

Apesar de opostas, estas duas correntes consideram que as ideias s�o imagens ou representa��es, algo que pode ser visto internamente.

 

Descartes, o fundador do Racionalismo, as coisas s�o representadas nas ideias. S� aos pensamentos que s�o imagens das coisas � que propriamente conv�m o nome de ideia. Segundo este fil�sofo, as ideias enquanto imagens das coisas s�o diferentes umas das outras. As ideias s� podem ser conhecidas atrav�s da raz�o e o crit�rio do conhecimento verdadeiro � a evid�ncia.

 

David Hume, um representante empirista, considera que todas as nossas ideias t�m origem em percep��es. N�o temos ideias que n�o provenham de um objecto concreto que esteve na nossa presen�a. O nosso esp�rito limita-se a associar as ideias simples derivadas das impress�es. No acto de conhecer o sujeito comporta-se como um espelho ( passivo ) ou actua como que construindo o seu objecto.

 

O modelo ic�nico vai evoluir numa direc��o em que se d� mais relevo � actividade do sujeito cognoscente. Transita-se, ent�o, da concep��o de um sujeito espectador para a concep��o de um sujeito dotado de formas a priori que permitem a transforma��o das representa��es em ju�zos.
A variante gen�tica vai assumir uma tonalidade construtiva: O conhecimento � uma constru��o com base em princ�pios produzidos pelo espirito humano.

 

Apriorismo Kantiano

A concep��o Kantiana do conhecimento supera a concep��o de um sujeito contemplativo ao considerar que o conhecimento � uma constru��o com base em formas que o sujeito imp�e ao objecto.
No conhecimento interv�m duas faculdades: sensibilidade e entendimento. A sensibilidade � uma receptividade, uma faculdade passiva que recebe representa��es ao ser afectada pelos objectos. � uma faculdade intuitiva. O entendimento � uma faculdade pensante e activa: espontaneidade produtora de representa��es. � a faculdade dos conceitos.

 

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O conhecimento resulta de uma s�ntese entre uma mat�ria e uma forma, entre representa��es sens�veis (percep��es) e representa��es formais ( conceitos). Esta s�ntese consiste num ju�zo que � uma rela��o, uma proposi��o

 

Porque � que esta concep��o se integra na variante gen�tica construtiva?

Resposta: Porque o conhecimento resulta de uma actividade ou constru��o do sujeito; o conhecimento n�o surge de representa��es inatas ou estruturais, pelo contr�rio, tem uma g�nese pois � gerado segundo um processo que come�a num dado - as representa��es sens�veis - e termina numa s�ntese ou rela��o que � o ju�zo. Este � o resultado de uma constru��o

 

Ideias a reter:

Podemos assim concluir que Kant ficou a meio caminho entre as duas concep��es, por um lado, concebe ainda o conhecimento no quadro da representa��o; por outro, da s�ntese das representa��es resulta um ju�zo, que � uma rela��o, uma proposi��o. Kant ao caracterizar o conhecimento como uma s�ntese estava a dizer que o conhecimento n�o � somente uma acto, � tamb�m um conte�do que se exprime em proposi��es.

 

FILOSOFIA

11� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 17

 

MODELO PROPOSICONAL

 

Neste modelo, o conhecimento n�o consiste na posse ou forma��o de representa��es mais ou menos exactas de um objecto. Consiste num ju�zo verdadeiro sobre o objecto. Transita-se de uma concep��o do conhecimento como identidade entre uma representa��o e um objecto representado para uma concep��o de conhecimento como rela��o verdadeira entre ju�zo e objecto.
Enquanto no modelo ic�nico podia haver conhecimento sem ju�zo, no modelo proposicional o conhecimento resulta de ju�zos, conhecer consiste em relacionar proposi��es.
O problema do conhecimento reside nos crit�rios para decidir se e quando conhecemos, isto �, quais as raz�es para crer ou acreditar que uma dada proposi��o � verdadeira.

O conhecimento requer tr�s condi��es:

Uma proposi��o verdadeira; um sujeito que a aceite como tal; a evid�ncia dessa proposi��o.

 

Defini��o de conhecimento:

Conhecimento � uma proposi��o verdadeira que um sujeito aceita em fun��o da sua evid�ncia. A condi��o de evid�ncia pode assentar numa justifica��o, isto �, a proposi��o � considerada evidente por um sujeito porque est� justificada, h� raz�es para crer que � assim. Essa evid�ncia n�o pode possuir um fundamento falso.
O problema do conhecimento reside em crit�rios para justificar uma proposi��o.

Que crit�rios?

a) VARIANTE VERIFICACIONISTA - Uma proposi��o � considerada verdadeira quando se podem verificar as suas condi��es de verdade.

b) VARIANTE CONJECTURAL – Uma proposi��o � considerada verdadeira enquanto resistir aos nossos esfor�os para a falsear.

 

CRIT�RIO DE SENTIDO DE UMA PROPOSI��O

. As proposi��es para serem significativas t�m de ser verific�veis atrav�s da experi�ncia.

. O significado emp�rico implica uma observa��o completa das condi��es em que a proposi��o pode ser considerada verdadeira.

. Uma proposi��o possui significado se e s� se for poss�vel indicar um conjunto de proposi��es observacionais verdadeiras que a confirmem.

 

Problema deste crit�rio: n�o se pode aplicar a proposi��es que exprimam leis gerais pois estas n�o podem ser completamente observadas. Mas � esse o caso das leis cient�ficas, o que significa que a variante verificacionista n�o garante aquilo que queria salvaguardar: o significado das proposi��es cient�ficas.
Um dos cr�ticos desta teoria foi Karl Popper que prop�e uma outra concep��o de conhecimento cient�fico.
O conhecimento come�a por conjecturas seguidas de criticas; imaginam-se conjecturas explicativas e depois procede-se � refuta��o dessas conjecturas.

 

VARIANTE CONJECTURAL:

- As leis e as teorias s�o conjecturais, come�am por ser suposi��es
- O papel essencial das observa��es e das experi�ncias � o de estimular a constru��o de teorias melhores.
- O desenvolvimento do conhecimento vai da teoria para a empiria, da conjectura para a contrasta��o experimental.
- O aumento do conhecimento deve-se � passagem de velhos para novos problemas