FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 1 |
V - UNIDADE EPIST�MICO-ONTOL�GICA
A PROBLEM�TICA DO CONHECER E DO SER
A PROBLEM�TICA DO CONHECIMENTO
CONTE�DOS PROGRAM�TICOS
2. O estatuto do conhecimento cient�fico
2.1
Unidade e diversidade das ci�ncias
2.1.1 O estatuto
da ci�ncia
2.1.1.1 A influ�ncia da ci�ncia
nas condi��es de vida do homem
2.1.1.2 A transitoriedade
2.1.1.3 O car�cter err�neo das
ci�ncias
2.1.1.4 O estatuto conjectural e
provis�rio do conhecimento cient�fico
2.1.1.4.1 Caracter�sticas do conhecimento cient�fico
2.1.1.5 Unidade e diversidade das
ci�ncias
2.1.1.5.1 Ci�ncia ou ci�ncias?
2.1.1.5.2 Ra�zes hist�ricas da actual configura��o
de saberes
2.1.1.5.3 Modelo explicativo das ci�ncias
emp�rico-formais
2.1.1.5.4 Modelo compreensivo das ci�ncias humanas
2.1.1.5.5 Explica��o e compreens�o
2.1.1.5.6 A contraposi��o explicar/compreender no
s�culo XIX
2.1.1.5.7 Significado de explica��o: v�rias
acep��es da palavra explica��o
2.1.1.5.3.2 Significado de compreens�o: sentidos da palavra
compreender; plano subjectivo; plano objectivo, plano
intersubjectivo
2.1.1.5.3.4 O porqu� da oposi��o: modelo finalista; modelo
mecanicista
2.1.1.5.3.5 Bin�mio explica��o/compreens�o nos nossos dias
2.1.1.5.3.5.1 Explica��o e compreens�o dois aspectos indissoci�veis de todo o
conhecimento humano
2.2
Ci�ncia e hip�tese
2.2.1 No��o de
hip�tese, teoria e lei
2.2.2 No��o de
indu��o e dedu��o
2.2.3 Import�ncia
da hip�tese na constru��o da ci�ncia
2.2.3.1 Perspectiva cl�ssica:
indutivismo experimental
2.2.3.1.1 Est�dios de investiga��o do indutivismo
2.2.3.2 Perspectiva actual
2.2.3.2.1 Objec��es ao indutivismo
2.2.3.2.1.1 Contributo de Karl Popper: a import�ncia da hip�tese; o
m�todo cient�fico como uma sequ�ncia de conjecturas; o
falsificacionismo
2.3
O desenvolvimento da ci�ncia: continuidade ou ruptura
2.3.1 Tese
continuista:
O conhecimento cient�fico � um prolongamento do pensamento comum
A cr�tica como transi��o do pensamento comum para o saber cient�fico
2.3.2 Tese
descontinuista
2.3.2.1 G. Bachelard:
O obst�culo epistemol�gico
2.3.2.2 T. Kuhn:
A no��o de paradigma cient�fico
A altern�ncia como caracter�stica da ci�ncia
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 2 |
O ESTATUTO DA CI�NCIA
N�o h� qualquer d�vida de que a ci�ncia
transformou profundamente as condi��es de vida do homem. Alterou n�o s� as condi��es
materiais do nosso viver, mas tamb�m as nossas actividades e �cios, bem como as nossas
capacidades, cujos limites foram alargados de forma extraordin�ria.
Os meios, os instrumentos e os recursos de que nos servimos, quer a n�vel
individual quer a n�vel das comunidades, t�m hoje a marca da ci�ncia. O nosso saber; as
nossas formas de julgar e de decidir sobre o justo e o injusto, o bem e o mal, o l�cito e
o il�cito, etc., est�o igualmente influenciadas e impregnadas pelos efeitos da difus�o,
mais ou menos generalizada, dos conhecimentos cient�ficos. A ci�ncia mudou a nossa
maneira de pensar; alterou o que se costuma designar como mentalidade.
A ci�ncia instaurou no horizonte da vida humana o sentido de constante e
permanente modifica��o; os conhecimentos cient�ficos foram mudando as ideias do homem a
respeito de si pr�prio e a respeito do mundo e instalaram, por um lado, a convic��o de
um progresso cont�nuo; por outro, um sentimento de provisoriedade.
"A transitoriedade � o pano de fundo do drama do
progresso humano, do aperfei�oamento do homem, do desenvolvimento dos seus conhecimentos,
do aumento do seu poder, da sua corrup��o e da sua parcial reden��o. As nossas
civiliza��es morrem; a pedra lavrada, a palavra escrita, a ac��o her�ica
desvanecem-se numa recorda��o de recorda��es, e por fim, esvaem-se. Chegar� o dia em
que a nossa esp�cie desaparecer�; esta casa, esta terra em que vivemos ser�o, um dia,
impr�prios para os homens as habitar, pois que o sol envelhece e altera-se.
No entanto, nenhum homem, seja agn�stico, budista, ou crist�o, penas
integralmente nestes termos. As suas ac��es, os seus pensamentos, o que ele v� do mundo
que o rodeia o cair de uma folha, as brincadeiras de uma crian�a ou o nascer da
lua s�o parte da Hist�ria; mas n�o s�o apenas parte da Hist�ria; s�o uma
parte do devir e do progresso, mas n�o s� isto: participam tamb�m do mundo fora do
tempo; participam da luz da Eternidade.
Estes dois modelos de pensamento, o modo de tempo e de hist�ria e o modo de
eternidade e de atemporalidade, s�o ambos parte do espa�o do homem para compreender o
mundo em que vive. Nenhum deles est� inclu�do no outro nem a ele � redut�vel. S�o,
como aprendemos a dizer em f�sica, pontos de vista complementares, um ampliando o outro,
nenhum dizendo a hist�ria toda".
J. R. Oppenheimer
GUI�O DE AN�LISE (Anexo 2)
Objectivos espec�ficos:
- Esclarecer o estatuto do conhecimento cient�fico
- Reconhecer a import�ncia da ci�ncia na vida do homem
Metodologia de an�lise:
- Leitura do texto;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das teses centrais do texto;
- Discuss�o oral.
Conte�dos informativos:
- A transitoriedade � o pano de fundo da exist�ncia humana.
- O progresso, o desenvolvimento, o poder, bem como a corrup��o do homem s�o
transit�rios.
- Os acontecimentos ou actos humanos podem ser perspectivados sob dois pontos de vista: o
da transitoriedade e o da eternidade.
- As duas perspectivas fazem parte do esfor�o de compreens�o do homem.
- Os dois pontos de vista s�o complementares e ampliam-se um ao outro.
Tarefas:
- Comentar uma frase de Karl Popper, de modo a reconhecer o
car�cter transit�rio e n�o absoluto do conhecimento cient�fico.
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 3 |
O ESTATUTO DO CONHECIMENTO CIENT�FICO
Ficha de trabalho
L� com aten��o a seguinte afirma��o. Tendo em conta o
que foi dito na aula, procura comentar o sentido da frase enunciada pelo autor.
"Penso que
s� h� um caminho para a ci�ncia ou para a filosofia: encontrar um problema, ver a sua
beleza e apaixonar-se por ele; casar e viver feliz com ele at� que a morte nos separe
a n�o ser que encontrem um outro problema ainda mais fascinante, ou,
evidentemente, a n�o ser que obtenhamos a solu��o. Mas, mesmo que obtenhamos uma
solu��o, poderemos ent�o descobrir, para nosso deleite, a exist�ncia de toda uma
fam�lia de problemas-filhos, encantadores ainda que talvez dif�ceis, para cujo bem-estar
poderemos trabalhar, com um sentido, at� ao fim dos nossos dias".
Karl Popper
Coment�rio:
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 4 |
O ESTATUTO DO CONHECIMENTO CIENT�FICO
Objectivo: Caracterizar o conhecimento cient�fico.
O conhecimento cient�fico possui, portanto, um estatuto provis�rio e
conjectural.
A ci�ncia possui um m�todo cr�tico que � gerador de teorias explicativas do real..
A produ��o ou constru��o do conhecimento da interac��o, do vaiv�m cont�nuo entre
os factos e as nossas representa��es.
O modelo e as teorias s�o formas de interpretar que permitem fazer previs�es. Estas s�o
testadas e corrigidas atrav�s de protocolos experimentais. Os resultados das
experi�ncias tanto levam � aceita��o provis�ria como � sua refuta��o. Esta
refuta��o dos modelos explicativos � gradativa e pode chegar at� � rejei��o do
modelo.
A fase de questionamento dos pr�prios postulados pode produzir uma revolu��o te�rica,
isto �, uma mudan�a de paradigma
Quais as caracter�sticas de um conhecimento
cient�fico?
Positivo ou f�ctico: Exige um controlo das proposi��es
cient�ficas pela experi�ncia. Apresenta-se em fun��o do dado, dos factos. Mas o que
diremos do conhecimento matem�tico? � independente da experi�ncia, mas pode aplicar-se
aos fen�menos e nessa aplica��o os enunciados matem�ticos podem ser confirmados e �
por isso que ele pode ser positivo. O esp�rito positivo � o esp�rito de laborat�rio.
Sendo f�ctico o conhecimento cient�fico, no entanto, transcende os factos. As ci�ncias
seleccionam os factos mais relevantes e produzem fen�menos novos. Por outro lado; estas
hip�teses n�o derivam de um registo e classifica��o autom�tica dos factos. O
conhecimento cient�fico n�o se submete mecanicamente aos factos como supunha a
concep��o mecanicista e positiva j� hoje ultrapassada.
� predicativo: A ci�ncia prediz antecipadamente o que ser� o
futuro e como poder� ter sido o passado.
� transcendente aos factos: P�e de lado os factos; produz
factos novos e explica-os. A investiga��o cient�fica n�o se limita aos factos
observados: os cientistas exprimem a realidade a fim de ir mais al�m das apar�ncias.
� anal�tico: A investiga��o cient�fica aborda problemas
circunscritos, um a um, e procura decompor tudo em elementos. Ela procura entender a
situa��o total em termos dos seus componentes; tenta descobrir os elementos que comp�em
cada totalidade e as interconex�es que explicam a sua integra��o.
O conhecimento cient�fico racionaliza a experi�ncia, em vez de
se limitar a descreve-la ; a ci�ncia d� conta dos factos, n�o inventariando-os, mas
explicando-os por meio de hip�teses.
� claro e preciso: os seus problemas s�o distintos, os seus
resultados s�o claros. Formula os problemas de forma clara.
� comunic�vel: n�o � inef�vel mas express�vel; n�o �
privado mas p�blico. A linguagem cient�fica comunica informa��es a quem quer que tenha
sido preparado para o entender.
� verific�vel: Deve passar pelo exame da experi�ncia. O teste
das hip�teses f�cticas � emp�rico, isto �, observacional ou experimental. A
verificabilidade constitui a ess�ncia do conhecimento cient�fico; se assim n�o fosse
n�o poderia dizer-se que os cientistas procuram alcan�ar conhecimento objectivo.
� geral: Situa os factos singulares em pautas gerais, os
enunciados particulares em esquemas amplos.
� legal: Busca leis (da natureza e da cultura) e aplica-os. O
conhecimento cient�fico insere os factos singulares em pautas gerais chamadas" leis
naturais" ou "leis sociais " Por detr�s da desordem e da flu�ncia das
apar�ncias, a ci�ncia factual descobre as pautas regulares da estrutura e do processo de
ser e do devir.
� aberto: N�o reconhece barreiras a priori, que limitem o
conhecimento. Se um conhecimento f�ctico n�o � refut�vel em princ�pio, ent�o n�o
pertence � ci�ncia mas a algum outro campo. A ci�ncia � aberta como sistema, porque �
fal�vel e, por conseguinte, capaz de progredir.
In, M. Bunge (1981), La Ci�ncia, su M�todo y su
Filosofia, B. Aires, Ed. Siglo Viente, p. 16-35.
O conhecimento cient�fico possui sempre estas
caracter�sticas e em
todas as ci�ncias ou s� em algumas?
O conhecimento cient�fico � sempre id�ntico qualquer que seja o seu
objecto?
� a ci�ncia una ou est� irremediavelmente atravessada pela diversidade?
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 5 |
O ESTATUTO DO CONHECIMENTO CIENT�FICO
FICHA DE TRABALHO
Na primeira coluna do quadro seguinte registamos as caracter�sticas do
conhecimento cient�fico analisadas na aula. Compete-te a ti preencher a segunda coluna
esclarecendo cada uma das caracter�sticas.
CARACTER�STICAS |
ESCLARECIMENTO |
F�CTICO |
. |
TRANSCENDENTE AOS FACTOS |
. |
RACIONAL |
. |
ANAL�TICO |
. |
CLAREZA E PRECIS�O |
. |
COMUNIC�VEL |
. |
VERIFIC�VEL |
. |
MET�DICO |
. |
SISTEM�TICO |
. |
FAL�VEL |
. |
PREDITIVO |
. |
ABERTO |
. |
APROXIMATIVO |
. |
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 6 |
UNIDADE E DIVERSIDADE DAS CI�NCIAS
"A quest�o da unidade e da diversidade
das ci�ncias pode abordar-se a partir dos principais elementos que entram na produ��o
do conhecimento cient�fico: o sujeito, o objecto e o m�todo.
Descartes (1596-1650 ) defendeu a unidade das ci�ncias a partir da unidade do sujeito que
as realiza e a partir da unidade do �nico m�todo que lhe parecia seguro: o m�todo
matem�tico.
Vico (l688-1744) defendeu a dualidade das ci�ncias a partir da dualidade de objectos e
m�todos.
O positivismo defendeu, por sua vez, a unidade das ci�ncias pela unidade do
�nico m�todo que admite: o m�todo emp�rico - positivo - experimental.
A hermen�utica dos princ�pios do s�culo XX prop�s a diversidade das
ci�ncias por admitir uma dualidade quanto ao objecto e quanto ao m�todo.
Pergunta-se: N�o ser� poss�vel superar a contraposi��o e conciliar a
diversidade com a unidade, no respeito pela diferen�a, certos da complementaridade?"
Ra�zes hist�ricas da actual configura��o de saberes
A "hist�ria" que nos conta este texto � a
hist�ria da progressiva diversidade e separa��o das ci�ncias. At� aos nossos dias
temos assistido � prolifera��o de um grande n�mero de saberes ditos cient�ficos. O
grande desafio deste final do s�c. XX � o da sua harmonia e unidade.
� sabido que de uma unidade inicial e indiferenciada entre filosofia e
ci�ncia, que se verificava entre os Gregos e ainda na idade M�dia, se passou a uma
progressiva separa��o.
Se � verdade que a Matem�tica se havia j� constitu�do como ci�ncia
aut�noma na Gr�cia, a autonomia das demais ci�ncias, no entanto, s� veio a ocorrer a
partir do Renascimento. Assim, a F�sica autonomizou-se, no s�c. XVII, com Galileu e
Newton: a Qu�mica viu-se constitu�da como ci�ncia, no s�c. XVIII, com Lavoisier: a
Biologia, no s�c. XIX, com Claude Bernard: as ci�ncias humanas como a Psicologia, a
Sociologia e a Antropologia constitu�ram-se como tais no final do s�culo XIX e no
princ�pio do nosso s�culo.
Foram, de facto, as ci�ncias da natureza aquelas que primeiramente se
constitu�ram como ci�ncias independentes e essa anterioridade teve grandes repercuss�es
na determina��o dos crit�rios e das condi��es em fun��o das quais se veio a aferir
da cientificidade de um determinado conhecimento e de uma determinada �rea de
investiga��o. As pr�prias ci�ncias humanas, que t�m o seu desenvolvimento s� a
partir do s�c. XIX, h�o-de pagar tributo ao crit�rios estabelecidos no �mbito da
produ��o de conhecimentos nas ci�ncias naturais.
A investiga��o filos�fico-epistemoI�gica sobre o estatuto do conhecimento
cient�fico, sobre as condi��es a satisfazer para uma explica��o cientificamente
respeit�vel e sobre a metodologia cient�fica, assim como sobre a unidade e a diversidade
das ci�ncias, vem j� dos Gregos e atravessa toda a filosofia medieval. Plat�o e
Arist�teles, assim como Tom�s de Aquino, Guilherme d�Occam e Rog�rio Bacon,
emprestaram a estes problemas as primeiras respostas. Mas foi, sobretudo, a partir do
s�c. XVII, quando a investiga��o metaf�sica sobre a ess�ncia das coisas deu origem �
investiga��o das rela��es entre estados de coisas e seus processos e quando a mente e
o pensamento do homem na sua rela��o com a verdade se tornaram um problema filos�fico
fundamental, que surgiram as grandes teoriza��es sobre a natureza e os fundamentos das
diversas ci�ncias, assim como sobre os processos e os m�todos de produ��o de
concebimento cient�fico.
J. Neves Vicente e J. Louren�o, Do Vivido ao
Pensado
GUI�O DE AN�LISE (Anexo 6)
Objectivos espec�ficos:
- Compreender como se caracteriza a actual configura��o de saberes
Metodologia de an�lise:
- Leitura do texto;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das teses centrais do texto;
- Discuss�o oral.
Conte�dos informativos:
- A ci�ncia � mais do que uma justaposi��o de disciplinas
cient�ficas.
- A diversidade, a fragmenta��o e a especializa��o enra�zam-se , em parte, na
pr�pria realidade dos factos, em parte, nas limita��es do esp�rito humano.
- T�m sido propostas diversas classifica��es e isso deve-se, por um lado, ao
aparecimento de novas ci�ncias; por outro aos crit�rios adoptados para fazer a
classifica��o.
- Um dos crit�rios classificativos � o do conte�do.
- Num outro ponto de vista classificativo agrupam-se as ci�ncias no bloco de ci�ncias
emp�rico-formais em contraposi��o ao bloco das ci�ncias humanas.
- Hoje, fala-se em ci�ncias da natureza e ci�ncias humanas.
Tarefas:
- Elaborar a classifica��o das diferentes disciplinas em dois blocos
fundamentais: ci�ncias da natureza e ci�ncias humanas.
ORGANIZADOR DE PROGRESSO
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 7 |
NO��O DE "EXPLICA��O"
"De um modo gen�rico, o termo �explica��o�
designa o acto de dilucida��o cr�tica e expositiva, a clarifica��o ou desenvolvimento
de algo que se manifesta amb�guo ou obscuro, com o intuito de conhecer a sua causa, a sua
raz�o de ser, a sua origem e, como tal implica uma atitude discursiva. O voc�bulo
portugu�s explica��o deriva da forma latina explicatio, que tinha o sentido de
desdobramento, interpreta��o (...), que, por sua vez, vem do verbo expIicare, que
regista o sentido de ordena��o daquilo que � ca�tico na sua manifesta��o fenomenal o
sentido de conclus�o e, ao mesmo tempo, o sentido de exposi��o. Em sua substitui��o
utiliza-se por vezes, com propriedade, o termo �explicita��o�, que quer dizer o tornar
algo perfeitamente declarado: uma coisa expl�cita (...) � aquela que se patenteia
inteiramente no acto de se mostrar. Foi definida em termos l�gicos como a opera��o
mental atrav�s da qual se passa do desconhecido ao conhecido, por um processo de
simplifica��o (...). Op�e-se tamb�m, na tradi��o da gram�tica e da l�gica
cl�ssicas, a impl�cito ou implica��o (implicatio/explicatio), na perspectiva da
dualidade entre intui��o (compreens�o) e discurso (explica��o): seria assim como que
a decomposi��o do que se apresenta como totalidade imediata na sua cadeia de
constituintes causais (deriva��es l�gicas), a transforma��o de uma verdade de facto
numa verdade de direito, atrav�s da sua liga��o a proposi��es de um sistema anterior,
de que possa ser racionalmente deduzida".
M. Summares (1990) "Explica��o" in Logos 2, pp. 418-419.
TAREFA:
Realiza uma s�ntese do texto preenchendo o quadro abaixo indicado
EXPLICAR �:
. Dilucidar e clarificar algo obscuro.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
. Deduzir uma proposi��o de outras proposi��es de um sistema
anterior. |
GUI�O DE AN�LISE (Anexo 7)
Objectivos espec�ficos:
- Elucidar o significado de "explica��o".
Metodologia de an�lise:
- Leitura do texto;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das teses centrais do texto;
- Discuss�o oral.
Conte�dos informativos:
- O termo designa o acto de dilucida��o cr�tica e expositiva.
- A clarifica��o ou desenvolvimento de algo que se manifesta amb�guo ou obscuro, com o
intuito de conhecer a sua causa, a sua raz�o de ser, a sua origem.
Tarefas:
- Realizar uma s�ntese do significado do termo mediante o
preenchimento de um quadro
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 8 |
NO��O DE "COMPREENS�O"
"O voc�bulo compreens�o deriva da forma latina
"comprehensivo" - formada a partir do verbo "comprehendo", que
significava unir abranger, perceber pelos sentidos: de cum, reuni�o ou
intensidade e prehendo, agarrar, atingir - que, paralelamente � forma portuguesa actual
era usado no sentido de apreens�o, apoderar-se de algo, e simultaneamente
conhecimento (ou intelig�ncia) pleno do seu sentido ou conte�do. Foi usado num sentido
l�gico, (...) significando ent�o o conjunto das propriedades constituintes de
um g�nero de ser (...): mais genericamente, compreender, enquanto
actividade espiritual de um sujeito, sup�e o emprego de todas as suas faculdades e um
modo harmonioso, para conseguir um conhecimento perfeito e adequado do conte�do de alguma
coisa. Esta �alguma coisa� sup�e a presen�a do outro e o uso de um instrumento de
comunica��o, a linguagem: compreender ser� ent�o uma esp�cie de
correspond�ncia entre actividades mentais que exprimam uma adequa��o ao modo de ser do
objecto, atrav�s do conceito, que � a s�ntese lingu�stica evocativa ao ser material.
Compreender � assim a capacidade de traduzir um fen�meno pela sua integra��o numa
estrutura, numa significa��o (...); ou � apreender a ess�ncia de algo atrav�s do
pensamento.
Compreens�o num sentido psicol�gico - Compreens�o � usada aqui mais ou
menos como sin�nimo de comunh�o afectiva, apoiada na simpatia
intersubjectiva: estes sentidos s�o utilizados por autores que reservam o termo
compreens�o �s ci�ncias do homem. (...) Seria uma implica��o de factores
psicol�gicos e gramaticais, do discurso enquanto actividade do esp�rito e designa��o
lingu�stica: a parte e o todo de uma obra manifestam uma unidade espiritual, que permite
ao comentador compreender do interior o processo criador do autor individual, por uma
esp�cie de intui��o ou adivinha��o decorrente do aplica��o do m�todo comparativo.
Esta an�lise compreensiva est� integrada numa hermen�utica como t�cnica, v�lida onde
quer que a interpreta��o se mostre necess�ria e pressup�e a possibilidade de
identifica��o com um autor, para l� da diferen�a dos contextos hist�ricos
respectivos".
M. Summares (1989) "Compreens�o" in
Logos 1, pp. 1059-1060.
TAREFA:
Realiza uma s�ntese do texto preenchendo o quadro abaixo indicado
COMPREENDER �:
. Unir, reunir, abranger, � uma apreens�o.
.
.
.
.
.
.
.
.
. Identifica��o com uma autor apesar da diferen�a de contextos hist�ricos. |
GUI�O DE AN�LISE (Anexo 8)
Objectivos espec�ficos:
- Definir compreens�o.
Metodologia de an�lise:
- Leitura do texto;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das teses centrais do texto;
- Discuss�o oral.
Conte�dos informativos:
- O termo compreens�o significa unir, abranger, perceber pelos
sentidos.
- Compreender � a capacidade de traduzir um fen�meno pela sua integra��o numa
estrutura, numa significa��o.
- O termo � tamb�m usado na hermen�utica, como t�cnica, onde se pressup�e a
possibilidade de identifica��o com o autor, apesar dos diferentes contextos hist�ricos
respectivos.
Tarefas:
- Realizar uma s�ntese do significado do termo mediante o
preenchimento de um quadro
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 9 |
A OPOSI��O EXPLICA��O/COMPREENS�O
"O s�culo XIX assiste a um despertar e a um
desenvolvimento do estudo do homem, da sua hist�ria, da sua linguagem e dos seus
costumes, equivalente �quele que no s�culo XVII se verificara relativamente ao estudo da
natureza. Ou seja: tal como as Ci�ncias da Natureza nascem, na sua
cientificidade pr�pria e espec�fica, no s�culo XVII, tamb�m as Ci�ncias Humanas, as
Ci�ncias Sociais ou Ci�ncias do esp�rito nascem efectivamente no s�culo XIX. N�o
nascem, todavia, pacificamente. Esse nascimento � marcado por um conflito de modelos de
inteligibilidade (...).
Neste conflito entre modelos de inteligibilidade, um dos p�los �
representado pelo positivismo, que (...) procura, na concretiza��o
desse sonho, transpor para as Ci�ncias humanas o ideal da inteligibilidade em que assenta
a cientificidade das Ci�ncias da Natureza. (...)
Ao primado metodol�gico das Ci�ncias da Natureza sobre as Ci�ncias do
esp�rito defendido pelo positivismo, vai opor-se um grupo de autores extremamente
significativo na segunda metade do s�culo XIX, de que � justo destacar Droysen e
Dilthey, que vir�o a cunhar definitivamente os conceitos de explica��o e compreens�o e
a pugnar tenazmente pela autonomia metodol�gica das ci�ncias do esp�rito.
(...) � neste quadro que se insere a reformula��o do bin�mio
metodol�gico entre as Ci�ncias do Natureza e as Ci�ncias do esp�rito, por Droysen e
por Dilthey. O primeiro cunha definitivamente a distin��o entre explicar e compreender
como ind�cios e marcas de dois processos distintos no �mbito do saber: assim, ao m�todo
cient�fico f�sico-matem�tico corresponderia um conhecimento explicativo e ao m�todo
cient�fico hist�rico corresponderia um conhecimento compreensivo. Dilthey aprofunda esta
distin��o institucionalizando correlativamente a express�o Ci�ncias do esp�rito.
Assim, para ele, as manifesta��es da vida e as objectiva��es do homem no mundo social
e hist�rico constituem o principal ponto de abordagem das Ci�ncias do Esp�rito e a via
de acesso a elas � a compreens�o, a qual definir� a atitude hermen�utica face �
hist�ria".
J. M. Andr� (1993) "Natureza e
esp�rito". O Professor, 35, Nov./Dez, pp. 8-1O.
GUI�O DE AN�LISE (Anexo 9)
Objectivos espec�ficos:
- Esclarecer o porqu� da oposi��o entre explica��o e compreens�o.
Metodologia de an�lise:
- Leitura do texto;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das teses centrais do texto;
- Discuss�o oral.
Conte�dos informativos:
- O nascimento das ci�ncias humanas no s�culo XIX fez-se em conflito
com o modelo explicativo das ci�ncias da natureza.
- O positivismo defende a transposi��o da metodologia explicativa para as nascentes
ci�ncias humanas.
- O conhecimento explicativo corresponde ao m�todo f�sico-matem�tico.
- O conhecimento compreensivo � espec�fico das ci�ncias humanas.
Tarefas:
- Realiza��o de uma s�ntese dos momentos principais do texto de modo
a compreender o porqu� da oposi��o entre explica��o e compreens�o.
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 10 |
NOTA DE S�NTESE
Porqu� esta oposi��o?
- O problema da oposi��o explica��o/compreens�o tem a sua origem
remota no aparecimento da ci�ncia moderna (s�culo XVII) que procedeu � substitui��o
do modelo finalista, at� ent�o dominante, pelo modelo causalista e mecanicista.
- No modelo finalista p�e-se � partida, um certo fim que se encontra
muito adiante; tudo tende para um fim que encontra a sua raz�o de ser no ponto de
partida. O pensamento deve retroceder � origem, em �ltima inst�ncia Deus, para explicar
os sucessos de mundo. Os meios (ci�ncia) est�o subordinados � inten��o da cria��o
que visa uma certa finalidade (religi�o).
- No modelo causalista ou mecanicista, a causa origina um efeito; este,
por sua vez, � causa de um outro efeito e assim at� ao infinito. Avan�a-se caso a caso
sem que, necessariamente, neste nexo se realiza um fim.
- A concep��o global Medieval em que teologia, filosofia e ci�ncia
formavam um todo coerente deu lugar a uma concep��o fragment�ria e parcial, sujeita a
rectifica��es e modifica��es. Isto veio permitir um r�pido desenvolvimento nas
ci�ncias da natureza.
- Mas esta oposi��o s� veio a "explodir" no s�culo XIX
com o nascimento das ci�ncias humanas ent�o designadas por ci�ncias do esp�rito.
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 11 |
A OPOSI��O EXPLICA��O/COMPREENS�O
NO CONTEXTO CIENT�FICO ACTUAL
"(...) as ci�ncias naturais s�o ainda hoje
diferentes das ci�ncias sociais, mas aproximam-se cada vez mais destas e � previs�vel
que, em futuro n�o muito distante, se dissolvam nelas.(...) A materialidade tecnol�gica
em que o avan�o cient�fico das ci�ncias naturais se plasmou n�o fez com que os
objectos te�ricos das ci�ncias naturais e das ci�ncias sociais deixassem de ser
distintos, mas fez com que aquilo em que s�o distintos seja progressivamente menos
importante do que aquilo em que s�o iguais.
(...) Isto significa que h� nas ci�ncias naturais uma dimens�o de
compreender sem a qual o explicar que lhes � pr�prio n�o tem sentido (...)".
B. S. Santos (1989) Introdu��o a uma
ci�ncia p�s-moderna.
"(...) Tudo isto mostra que
a distin��o entre a �explica��o� (causal) e a �compreens�o� (das significa��es
e inten��es, portanto das implica��es e designa��es), por mais fundada que seja,
consegue de modo algum opor as ci�ncias do homem �s da mat�ria: ela p�e em evid�ncia
dois aspectos irredut�veis mas indissoci�veis do conhecimento, e qualquer ci�ncia tende
a concili�-los das mais variadas maneiras, umas no sujeito humano que � o pr�prio
objecto da sua an�lise, outras na coordena��o entre os dados experimentais provenientes
do objecto e os instrumentos dedutivos fornecidos pelo sujeito (...)".
J. Piaget (1981) L�gica e conhecimento cient�fico .
TAREFA:
Coloca as ideias fundamentais de cada texto no quadro abaixo indicado.
TEXTO 1 |
TEXTO 2 |
|
|
|
Conclus�o:
|
GUI�O DE AN�LISE (Anexo11)
Objectivos espec�ficos:
- Reconhecer a explica��o e a compreens�o como dois aspectos
indissoci�veis de todo o conhecimento humano.
Metodologia de an�lise:
- Leitura dos textos;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das teses centrais dos textos;
- Discuss�o oral.
Conte�dos informativos:
- Existe uma aproxima��o crescente entre as ci�ncias naturais e as
ci�ncias sociais.
- Detecta-se uma tend�ncia para que sejam as ci�ncias sociais a pautar o horizonte
epistemol�gico do conjunto das ci�ncias.
- Explica��o e compreens�o s�o dois aspectos indissoci�veis de todo o conhecimento
humano, duas dimens�es do mesmo processo intelectual.
Tarefas:
- Realiza��o de uma s�ntese dos momentos principais dos textos, de
modo a retirar uma conclus�o que reflicta a converg�ncia dos dois modelos.
ORGANIZADOR DE PROGRESSO
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 12 |
CR�TICA DE POPPER AO M�TODO INDUTIVISTA
PRESSUPOSTOS DO M�TODO
INDUTIVISTA |
CR�TICAS DE KARL POPPER |
O m�todo indutivo
experimental, faz do racioc�nio indutivo o fundamento da formula��o de enunciados
(leis) universais. |
� logicamente ileg�timo, na
medida em que a partir de um n�mero finito de observa��es se estabelece uma conclus�o
universal. |
Admite que a ci�ncia come�a com a
observa��o. |
Ignora que a observa��o nunca � pura,
ela depende j� de uma teoria. Popper proclama a preemin�ncia absoluta da teoria sobre a
observa��o. |
O m�todo indutivo pressup�e o crit�rio
da verifica��o que permite determinar a justeza das hip�teses. Uma proposi��o com
sentido � aquela que � capaz de passar com �xito a prova da verifica��o. |
Popper n�o aceita este crit�rio e
prop�e a refuta��o. Uma proposi��o � considerada cient�fica quando satisfaz uma
condi��o de testabilidade. Todo o teste � uma tentativa para refutar ou falsificar uma
teoria. Uma teoria que n�o � suscept�vel de refuta��o n�o � considerada
cient�fica. |
O m�todo indutivo pressup�e uma
concep��o de ci�ncia como adequa��o � verdade. A ci�ncia procura atingir a verdade
absoluta. |
As teorias que consigam ultrapassar com
sucesso os testes s�o corroboradas, aceites provisoriamente. As teorias mais v�lidas
nunca s�o verdadeiras, mas apenas teorias que n�o s�o falsas. A verdade absoluta n�o
est� ao nosso alcance. |
A ci�ncia progride mediante a
acumula��o de observa��es e experimenta��es que nos permite formular teorias acerca
do mundo. |
A ci�ncia progride mediante o ensaio e o
erro. O cientista avan�a hip�teses que seguidamente procura falsificar. |
A ci�ncia fundamenta-se na observa��o e
na experimenta��o. |
A ci�ncia � de ordem conjectural. |
ORGANIZADOR DE PROGRESSO
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 12 A |
CI�NCIA E HIP�TESE
EM VEZ DE INDU��O, POPPER PROP�E QUE SE FALE EM
CONJECTURA��O E, EM VEZ DE VERIFICA��O, EM
FALSIFICABILIDADE
Que pretende Popper com esta formula��o?
Pretende definir a ci�ncia como a sequ�ncia das tentativas para
solucionar determinados problemas e como aquele conhecimento que procura e provoca os
desmentidos da experi�ncia, fazendo da falsificabilidade o crit�rio de demarca��o
entre ci�ncia e pseudo-ci�ncia.
�A descoberta cient�fica � governada por uma l�gica
invari�vel, que inclui tr�s momentos sucessivos:
. num primeiro momento, o homem constr�i cen�rios,
hip�teses ou teorias, que s�o outras tantas tentativas com vista a resolver os in�meros
problemas que a complexidade do universo lhe sugere;
. num segundo momento, o homem de ci�ncia submete as suas 'tentativas'
ou conjecturas a testes apertados e sistem�ticos, que se revelar�o tanto mais fecundos
quanto mais conseguirem 'refut�-las' ou declar�-las falsas (falsificar);
. por fim, a aplica��o do m�todo 'tentativas' e 'refuta��o'
implica uma ren�ncia �s certezas individuais e uma aceita��o sem reservas de que as
suas pr�prias conjecturas sejam publicamente debatidas e combatidas no seio da comunidade
cient�fica.�
(Jean Baudouin, Karl Popper, Edi��es
70, Lisboa, p. 29)
Como se v�, trata-se de uma epistemologia falibilista,
que situa o crit�rio da cientificidade de uma teoria na possibilidade de a
invalidar ou refutar.
Uma teoria n�o � mais do que uma hip�tese ou tentativa de
compreender o mundo e nunca pode ser verificada e demonstrada. Pode
� ser �corroborada�. Para ser corroborada, uma teoria ter� de ter
resistido �s tentativas mais s�rias e severas de falsificabilidade e, portanto,
ser� aceite provisoriamente pela comunidade cient�fica, que dever� continuar a
mant�-la permanentemente � prova.
GUI�O DE AN�LISE (Anexo12)
Objectivos espec�ficos:
- Elucidar a import�ncia da hip�tese na perspectiva actual.
- Analisar o contributo de Karl Popper.
Metodologia de an�lise:
- Leitura do texto;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das teses centrais do texto;
- Discuss�o oral.
Conte�dos informativos:
- A ci�ncia possui um car�cter conjectural e hipot�tico.
- O m�todo cient�fico, hipot�tico-dedutivo, parte de problemas para os quais se
inventam solu��es conjecturais, hip�teses, que depois s�o submetidas a controlo.
- A hip�tese � o momento verdadeiramente criador do m�todo cient�fico.
- A hip�tese � um enunciado geral de rela��es entre vari�veis, que vir� a ser
confirmado ou infirmado.
- A hip�tese para o ser, tem de obedecer a certos requisitos e caracter�sticas.
- A hip�tese v�lida � a que resistiu vitoriosamente �s provas e esfor�os para a
falsear.
Tarefas:
- Realiza��o de uma ficha formativa acerca da tem�tica em an�lise.
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 13 |
FICHA FORMATIVA
Como tivemos a oportunidade de verificar na aula, Popper situa-se face
ao erro numa nova perspectiva:
�Partindo da ideia muito socr�tica de
que 'nada sabemos', Popper convida os seus pares a procurarem nas suas pr�prias teorias o
erro, a falha, o improv�vel, em vez de quererem a todo o custo fundamentar o
veros�mil. Se sa�da a prova infirmante como uma benesse, se exorta o s�bio
a fazer tudo 'para destruir as suas pr�prias conjecturas', � porque est�
persuadido de que a descoberta de um erro, ao instruir-nos sobre a nossa pr�pria
ignor�ncia, abre ao mesmo tempo o caminho de um novo conhecimento. A ci�ncia
n�o � mais do que uma elimina��o indefinida do erro.�
(Jean Baudouin, obra citada, p. 39)
Tendo como ponto de partida os conhecimentos adquiridos na aula,
procura elaborar um coment�rio ao texto.
Tendo em considera��o as teses de K. Popper, esclarece
o significado dos seguintes termos:
Crit�rio de demarca��o:
Refuta��o:
Corrobora��o:
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 14 |
O desenvolvimento da ci�ncia: continuidade ou ruptura
Como evolui a ci�ncia? Ser� que evolui cont�nua e
acumulativamente? Ou o seu desenvolvimento passa por fases de estagna��o, at� de
retrocesso, e depois � atravessado por per�odos de r�pido progresso? A transi��o
entre os per�odos � gradual ou existem rupturas entre eles? O conhecimento cient�fico
sedimentou-se no conhecimento do senso comum e ser� uma esp�cie de senso comum mais
esclarecido, ou, pelo contr�rio, implica um corte com o senso comum? Ter� ou n�o o
conhecimento cient�fico caracter�sticas que requerem uma ruptura com o conhecimento do
senso comum? S�o estas quest�es que iremos tentar esclarecer.
TESE CONTINUISTA
"A transi��o entre pensamento comum ou emp�rico e
pensamento cient�fico � insens�vel, porque o pensamento cient�fico est� no
prolongamento do pensamento comum: � um aperfei�oamento e um crescimento [deste
�ltimo]. Todavia, ao aperfei�oar o pensamento comum, o pensamento cientifico pode
afastar-se consideravelmente dos modos de ver daquele e elaborar no��es que em nada
lembram a experi�ncia imediata: as concep��es recentes da f�sica, por exemplo,
surpreendem e embara�am o senso comum.
Tal como o conhecimento comum, o conhecimento cient�fico parte
dos dados dos sentidos: contudo, uma acumula��o de experi�ncias n�o constitui uma
ci�ncia. (...).O s�bio deve ter uma atitude activa frente aos factos, interrogar-lhes a
natureza seguindo certas hip�teses que concebeu a seu respeito; por outras palavras, deve
ser conduzido nas suas observa��es e nas suas experi�ncias por uma ideia directriz, a
�nica que poder� tornar as suas pesquisas fecundas impedindo-as de se fazerem ao acaso.
A ci�ncia constr�i-se pois pela estreita colabora��o entre a raz�o e a experi�ncia.
Com efeito, a raz�o procura unificar e sistematizar duma forma rigorosa todos os
conhecimentos adquiridos num certo dom�nio; leva esta coordena��o muito mais longe na
ci�ncia do que no senso comum.
(...) Quanto mais uma ci�ncia � sistematizada, mais aumenta o seu poder
explicativo. Explicar cientificamente um fen�meno particular (por exemplo, a queda deste
l�pis neste quarto neste momento) consiste em lig�-lo a leis gerais que permitem, sendo
dadas certas condi��es (altura da queda, momento em que se deixa cair o l�pis,
velocidade que se lhe imprime ao deix�-lo cair), prever o desenrolar do fen�meno.
(...) Em conclus�o, diremos que entre os conhecimentos comum e cient�fico
existe mais uma diferen�a de grau do que de natureza.
A ci�ncia formula leis mais gerais que o conhecimento comum; por exemplo um
agricultor ser� talvez muito h�bil a predizer o tempo que far� no seu lugar, mas n�o
t�o bem sucedido [se o fizer] para outros lugares, enquanto que as previs�es dos
meteorologistas podem ser estabelecidas para todos os lugares.
Finalmente, a ci�ncia � mais objectiva que o conhecimento comum: o seu
conte�do n�o varia de um indiv�duo para outro, � independente do humor, dos desejos,
das bizarrias subjectivas: � uma obra colectiva, controlada e met�dica.
(...) Se a ci�ncia prolonga e completa o conhecimento comum, ela por�m
corrige e reforma este �ltimo em muitos pontos (ex: rota��o da terra � volta do seu
eixo para explicar a aparente rota��o do c�u � volta da terra em 24 horas).
M. Gex (1964) Elements de philosophie des
sciences.
GUI�O DE AN�LISE (Anexo14)
Objectivos espec�ficos:
- Explicitar a tese continuista.
Metodologia de an�lise:
- Leitura do texto;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das teses centrais do texto;
- Discuss�o oral.
Conte�dos informativos:
- O conhecimento cient�fico � um prolongamento do pensamento comum.
- O conhecimento cient�fico � um crescimento e aperfei�oamento do conhecimento comum.
- A ci�ncia prolonga e completa o conhecimento comum.
- A diferen�a que existe entre dois tipos de conhecimento � apenas de grau e n�o de
natureza.
Tarefas:
- Realiza��o de uma ficha de trabalho acerca da tem�tica em
an�lise.
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 15 |
FICHA DE TRABALHO
O estatuto do conhecimento cient�fico
Ap�s a leitura cuidadosa do texto de Maurice Gex, presente na obra �lements
de Philosophie des Sciences, tenta descobrir nele algumas caracter�sticas do senso
comum e algumas caracter�sticas do conhecimento cient�fico.
SENSO COMUM
CONHECIMENTO CIENT�FICO
2. D� exemplos de alguns saberes do senso comum:
3. D� exemplos de alguns conhecimentos cient�ficos:
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 16 |
O desenvolvimento da ci�ncia: continuidade ou ruptura
TESE DESCONTINUISTA
Um pensador que defende esta tese � G. Bachelard. Para
este epistem�logo o conhecimento cient�fico constr�i-se em luta contra os obst�culos
epistemol�gicos. O que � um obst�culo epistemol�gico?
Qualquer elemento ou processo que, influenciando as concep��es e pr�ticas
cient�ficas, trava, bloqueia ou desvirtua a produ��o de conhecimentos. Um exemplo?
Exactamente o conhecimento do senso comum. Com efeito, este pode ser um trav�o ao
desenvolvimento do conhecimento cient�fico. Mas porqu�? Porque o conhecimento do senso
comum traduz-se em opini�es que n�o deixam �ver� os problemas.
"A ci�ncia (...) op�e-se absolutamente �
opini�o (...). A opini�o pensa mal; ela n�o pensa: traduz necessidades em
conhecimentos.
(...) Nada se pode fundar sobre a opini�o: � preciso primeiro destru�-la.
Ela � o primeiro obst�culo a superar. N�o � suficiente (...) rectific�-la em pontos
particulares, mantendo-a (...) como conhecimento vulgar provis�rio. O esp�rito
cient�fico interdita-nos de ter uma opini�o sobre quest�es que n�o compreendemos,
sobre quest�es que n�o sabemos formular claramente. Antes de tudo, � preciso saber p�r
os problemas (...). Na vida cient�fica, os problemas n�o se p�em por si mesmos. �
precisamente este sentido do problema que d� a marca ao verdadeiro esp�rito cient�fico.
Para um esp�rito cient�fico, todo o conhecimento d� uma resposta a uma quest�o. Se
n�o houve quest�o n�o pode haver a� conhecimento cient�fico. Nada surge por si. Nada
� dado. Tudo � constru�do".
G. Bachelard (1977) La Formation de
l�esprit Scientifique, Paris Vrin, p.14.
Tarefa:
Tendo em conta as teses enunciadas pelo autor, procura preencher os
espa�os vazios do seguinte texto:
Este excerto � elucidativo quanto � atitude de
_______________com o senso comum: primeiro que tudo � preciso ________ a opini�o. Sendo
assim podemos inferir que entre o conhecimento __________ e o ___________ h� uma
______________. N�o h� continuidade entre a ___________ cient�fica e a linguagem comum,
e tamb�m n�o h� continuidade entre as _________ que s�o usadas nos dois _________ de
conhecimento.
Conceitos: n�veis; corte ou ruptura; cient�fico; linguagem;
no��es; descontinuidade; destruir; senso comum. |
GUI�O DE AN�LISE (Anexo16)
Objectivos espec�ficos:
- Explicar a tese descontinuista.
- Compreender a no��o de obst�culo epistemol�gico.
Metodologia de an�lise:
- Leitura do texto;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das teses centrais do texto;
- Discuss�o oral.
Conte�dos informativos:
- O conhecimento cient�fico tem uma dimens�o pol�mica, destr�i para
construir.
- Para Bachelard, o esp�rito cient�fico contempor�neo n�o pode ser colocado em
continuidade com o simples bom senso, pois formula teses que v�o contra e que atacam o
senso comum.
- O senso comum constitui-se como um obst�culo epistemol�gico, que trava ou bloqueia a
produ��o de conhecimentos cient�ficos.
Tarefas:
- Preenchimento das lacunas do texto de modo a sintetizar as ideias da
aula.
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 17 |
O PARADIGMA CIENT�FICO
O conhecimento cient�fico estabelece uma descontinuidade
epistemol�gica relativamente ao conhecimento do senso comum. Segundo Bachelard o futuro
de uma ci�ncia n�o depende do seu passado; a origem de uma ci�ncia n�o determina o seu
futuro. Mas se assim �, como se perspectiva hoje a evolu��o da ci�ncia? Uma das
teorias mais divulgadas afirma que o desenvolvimento da ci�ncia se processa por mudan�a
de paradigmas. O que � um paradigma?
"Os usos de paradigmas dividem-se em dois
conjuntos, que exigem nomes diferentes e discuss�es separadas. Um sentido de
�paradigma� � global, abarcando todos os empenhamentos partilhados por um grupo
cient�fico; o outro isola um g�nero particularmente importante de empenhamento, e �
assim um subconjunto do primeiro.
(...) O termo �paradigma� aparece em proximidade estreita, tanto f�sica
como l�gica, da frase �comunidade cient�fica� (...). Um paradigma � o que os membros
de uma comunidade cient�fica, e s� eles, partilham.
(...) Nesta concep��o, uma comunidade cient�fica consiste nos praticantes
de uma especialidade cient�fica. Unidos por elementos comuns da respectiva educa��o e
aprendizagem, v�em-se a si mesmos e s�o vistos pelos outros como os respons�veis pela
prossecu��o de um conjunto de objectivos partilhados, incluindo a forma��o dos
sucessores. Tais comunidades s�o caracterizadas pela relativa abund�ncia de
comunica��o no interior do grupo e pela relativa unanimidade do ju�zo grupal em
mat�rias profissionais. Numa dimens�o not�ria, os membros de uma dada comunidade ter�o
absorvido a mesma literatura e estruturado conclus�es a partir dela.
(...) Que elementos partilhados explicam o car�cter relativamente n�o
problem�tico da comunica��o profissional e a unanimidade relativa do ju�zo? A esta
quest�o [respondo]: �um paradigma� ou �um conjunto de paradigmas�. Este � um dos
principais sentidos [do] termo (...)".
T. S. Kuhn (1989) A Tens�o Essencial .
Tarefa :
Um paradigma :
. Refere-se �quilo que � partilhado por uma comunidade
cient�fica.
.
.
.
.
.
.
.
. |
GUI�O DE AN�LISE (Anexo17)
Objectivos espec�ficos:
- Clarificar a no��o de paradigma cient�fico.
Metodologia de an�lise:
- Leitura do texto;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das teses centrais do texto;
- Discuss�o oral.
Conte�dos informativos:
- Em sentido global, paradigma refere-se �quilo que � partilhado por
uma comunidade cient�fica, ser� uma forma de fazer ci�ncia, uma matriz disciplinar.
- Em sentido particular, o paradigma � um exemplar; � um conjunto de solu��es de
problemas concretos, uma realiza��o cient�fica concreta que fornece os instrumentos
conceptuais e instrumentais para a solu��o de problemas.
- Uma comunidade cient�fica caracteriza-se pela pr�tica de uma especialidade
cient�fica, por uma forma��o te�rica comum, pela circula��o abundante de
informa��o no interior do grupo e pela unanimidade de ju�zo em assuntos profissionais.
Tarefas:
- Realizar uma s�ntese das principais caracter�sticas do paradigma
cient�fico.
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 18 |
O DESENVOLVIMENTO HIST�RICO DA CI�NCIA
Segundo Kuhn, a hist�ria da ci�ncia est� marcada pela
altern�ncia de per�odos longos de actividade cient�fica dita normal, em que a
investiga��o se organiza � volta de um paradigma dominante, e de per�odos mais
curtos de crise ou de revolu��es em que surge um novo e in�dito paradigma que
substitui o anterior. Exemplifiquemos seguidamente este processo com o seguinte texto:
Ci�ncia normal.
"Para Kuhn a �ci�ncia normal� consiste na
�pesquisa firmemente baseada em uma ou mais realiza��es cient�ficas passadas. Essas
realiza��es s�o reconhecidas durante algum tempo por uma determinada comunidade
cient�fica como ponto de partida para outros trabalhos�. Os projectos de investiga��o
na ci�ncia normal n�o visam, portanto, desvendar o desconhecido, mas, antes, levar o
cientista a resolver enigmas, que representam �aquela categoria de problemas que d�o a
cada um a ocasi�o de provar a sua engenhosidade ou a sua habilidade na resolu��o dos
mesmos�, no �mbito de um paradigma aceite por uma Comunidade. O paradigma, no qual os
cientistas foram introduzidos pela educa��o (sobretudo atrav�s de manuais actualizados)
e pelo treino, configura de modo natural o campo de vis�o que delimita o trabalho
cient�fico e �informa� as regras do mesmo. (...) A cientificidade da fase �normal� da
ci�ncia caracteriza-se pela aus�ncia de questionamento dos princ�pios do paradigma, o
que vai contra o pensar cr�tico de Popper. (...) O per�odo de crise originado pelo
enfraquecimento das convic��es na capacidade do paradigma �, portanto, um per�odo
crucial para a comunidade cient�fica. Nesta altura, os cientistas, sobretudo os mais
empenhados em resolver as anomalias extraordin�rias, ter�o de colocar a quest�o
filos�fica radical: �Qual a validade da natureza da ci�ncia que estamos a
praticar?!...�. E � nesta altura que os cientistas se tornam temporariamente fil�sofos.
A Crise como factor de progresso
O momento da consci�ncia da crise surge quando um enigma
constitui um problema que � luz do paradigma adoptado pela comunidade cient�fica
n�o encontra uma solu��o e tal facto n�o pode ser imputado � imprepara��o ou
in�pcia do investigador. (...) Tal facto � de in�cio apenas partilhado por um grupo
minorit�rio de cientistas, geralmente os mais novos, manifestando-se entre eles uma
descren�a em rela��o ao paradigma dominante. (...) �Algumas vezes a ci�ncia normal
acaba por se revelar capaz de tratar do problema que provoca a crise (...). Em outras
ocasi�es o problema resiste at� mesmo a novas abordagens aparentemente radicais. Neste
caso, os cientistas podem concluir que nenhuma solu��o para o problema poder� surgir no
estado actual da �rea de estudo. O problema recebe, ent�o, um r�tulo e � posto de lado
(...). Finalmente, uma crise pode terminar com a emerg�ncia de um novo paradigma�. (...)
Naturalmente, os elementos da comunidade cient�fica que se v�em incapazes, a curto e a
longo prazo, de contornarem as anomalias extraordin�rias t�m a sensa��o de
frustra��o. Muitos ainda alimentam a esperan�a de contornar a dificuldade e argumentam
a favor do paradigma dominante, mas outros perdem a f� no paradigma e come�am a formular
teorias alternativas que expliquem os factos que d�o origem � anomalia. A crise tem
assim efeitos cognoscitivos (procura de novas inteligibilidades) e psicol�gicos
(sentimento de frustra��o e perda de f�) no ambiente da comunidade cient�fica. (...) A
frustra��o ou perda de f�, come�a por �obrigar� a que o discurso cient�fico
d� lugar ao discurso especulativo: �� sobretudo nos per�odos de crises reconhecidas
que os cientistas se voltam para a an�lise filos�fica como um meio para resolver os
enigmas da sua �rea de estudo (...). �, portanto, nesta ocasi�o que os cientistas
conjecturam, no sentido popperiano, produzindo novas ideias para encontrarem alternativas
ao paradigma. Proliferam nesta ocasi�o as teorias. Com elas surgem conflitos de
interpreta��o e � preciso dar explica��es, saber argumentar e persuadir com �boas
raz�es�.
Ci�ncia extraordin�ria.
(...) �Quase sempre (escreve Kuhn) os homens que fazem
essas inven��es fundamentais s�o muito jovens ou est�o h� pouco tempo na �rea de
estudos cujo paradigma modificam. (...) Tais homens, sendo pouco comprometidos com as
regras tradicionais da ci�ncia normal em raz�o da sua limitada pr�tica cient�fica
anterior, t�m grande probabilidade de perceber que tais regras n�o mais definem
alternativas vi�veis e de conceber um outro conjunto que possa substitu�-las�. Por
outro lado, os cientistas mais antigos, com convic��es mais fortes em rela��o �s
potencialidades do paradigma tradicional, n�o s� aparecem firmes em rela��o ao
trabalho que eles pr�prios desenvolvem, como tamb�m rejeitam de forma contundente os
argumentos que contrariam as suas convic��es.
(...) Com a revolu��o cient�fica mudam as �reas de problemas, os padr�es
de solu��o e os crit�rios que os legitimam. � que os paradigmas, como j� referimos,
n�o visam apenas a natureza, mas tamb�m a ci�ncia que os produziu. �Consequentemente a
recep��o de um novo paradigma requer frequentemente uma redefini��o da ci�ncia
correspondente. (...) A tradi��o cient�fica normal que emerge de uma revolu��o
cient�fica �, n�o somente incompat�vel, mas muitas vezes verdadeiramente
incomensur�vel com aquela que a precedeu�. Por isso, �quando mudam os paradigmas, muda
com eles o pr�prio mundo.
A consolida��o da revolu��o d� origem a que a ci�ncia regresse �
modalidade de �ci�ncia normal�.
J., B., Magalh�es, A Ideia de Progresso em
Thomas Kuhn, Porto, Ed. Contraponto, 1996.
GUI�O DE AN�LISE (Anexo18)
Objectivos espec�ficos:
- Indicar as diferentes etapas do desenvolvimento cient�fico.
- Caracterizar posi��es contempor�neas relativas � evolu��o da ci�ncia.
Metodologia de an�lise:
- Leitura do texto;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das teses centrais do texto;
- Discuss�o oral.
Conte�dos informativos:
- A ci�ncia evolui por mudan�a de um ponto de vista interpretativo,
isto �, por mudan�a de paradigma.
- Numa primeira fase um paradigma responde com �xito �s necessidades, te�ricas e
experimentais, da investiga��o.
- A evolu��o ulterior de um paradigma faz-se no sentido da complica��o, da
especializa��o, do esoterismo. O paradigma dominante torna-se r�gido e gera
resist�ncia � mudan�a.
- O paradigma institui-se como ci�ncia normal, possuidora de uma informa��o detalhada e
de coer�ncia entre observa��o e teoria. Nesta fase, geralmente, n�o se descobrem
grandes novidades, mas come�am a surgir anomalias.
- As anomalias deixam de ser resol�veis dentro do paradigma dominante. Instala-se uma
fase de crise, que pode levar � emerg�ncia de um paradigma in�dito.
Tarefas:
- Realizar um resumo das principais teses do texto de T. Kuhn.
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO
18 A |
AS REVOLU��ES CIENT�FICAS
Ci�ncia normal
. A ci�ncia normal consiste na pesquisa baseada em
realiza��es cient�ficas passadas.
.
.
.
.
.
. |
Crise
. A crise surge quando um enigma constitui um problema
para o paradigma vigente.
.
.
.
.
.
.
. |
Ci�ncia extraordin�ria
. A ci�ncia extraordin�ria � quase sempre feita por
aqueles que est�o h� pouco tempo na �rea de estudos cujo paradigma modificam.
.
.
.
.
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A partir do texto podemos fazer um resumo sobre
esta forma de explicar o desenvolvimento hist�rico da ci�ncia.
A ci�ncia evolui por mudan�a de um ponto de vista
interpretativo, isto �, por mudan�a de paradigma.
Numa primeira fase um paradigma responde com �xito �s necessidades,
te�ricas e experimentais, da investiga��o. A evolu��o ulterior de um paradigma faz-se
no sentido da complica��o, da especializa��o, do esoterismo. O paradigma dominante
torna-se r�gido e gera resist�ncia � mudan�a.
O paradigma institui-se como ci�ncia normal, possuidora de uma informa��o
detalhada e de coer�ncia entre observa��o e teoria. Nesta fase, geralmente, n�o se
descobrem grandes novidades, mas come�am a surgir anomalias. As anomalias deixam de ser
resol�veis dentro do paradigma dominante. Instala-se uma fase de crise, que pode levar �
emerg�ncia de um paradigma in�dito.
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 19 |
AS REVOLU��ES CIENT�FICAS
ESQUEMATICAMENTE
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 20 |
AS REVOLU��ES CIENT�FICAS
EXEMPLIFICANDO
A teoria da gravita��o de Newton baseava-se num modelo
simples, em que os corpos se atra�am uns aos outros com uma for�a proporcional �s suas
massas e inversamente proporcional ao quadrado da dist�ncia entre eles. Esta teoria
prediz os movimentos do Sol, da Lua e dos planetas com elevado grau de precis�o.
PARADIGMA DOMINANTE
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 21 |
AS REVOLU��ES CIENT�FICAS
Observa��es muito precisas do planeta Merc�rio
revelaram uma pequena discrep�ncia entre o movimento observado e o movimento previsto
pela teoria da gravita��o de Newton.
ANOMALIA
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 22 |
AS REVOLU��ES CIENT�FICAS
Einstein apresentou a sugest�o revolucion�ria de que a
gravidade n�o � uma for�a id�ntica �s outras, mas sim uma consequ�ncia do facto de o
espa�o n�o ser plano, como se pensara: � curvo ou �deformado� pela distribui��o de
massa e de energia. No caso de Merc�rio, que, sendo o planeta mais pr�ximo do Sol, sofre
efeitos gravitacionais mais fortes e tem uma �rbita bastante mais alongada. A pr�pria
luz, ao passar perto do Sol � ligeiramente encurvada para o interior devido � massa
deste. Por exemplo, a luz de uma estrela distante que passou perto do Sol dever� ser
deflectida de um pequeno �ngulo.
PARADIGMA IN�DITO - 2
DOMINANTE
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 23 |
AS REVOLU��ES CIENT�FICAS
A teoria da relatividade representa um momento de revolu��o
cient�fica e constitui-se como um novo paradigma. Em cima: raios de luz arqueados pela
intensa gravidade existente junto a um buraco negro resolvem um paradoxo na teoria da
relatividade de Einstein.
PARADIGMA DOMINANTE
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO
23 A |
A INFLU�NCIA DO SUJEITO NO PROGRESSO CIENT�FICO
GUI�O DE AN�LISE (Anexo 23 A)
Objectivos espec�ficos:
- Avaliar a influ�ncia do sujeito no desenvolvimento da ci�ncia.
Metodologia de an�lise:
- Projec��o do acetato;
- 2 minutos de observa��o por parte dos alunos;
- Discuss�o oral.
Conte�dos informativos:
- A quest�o que devemos colocar, no que diz respeito � verdade
cient�fica � a seguinte: as leis, as descobertas cient�ficas, a objectividade que a
ci�ncia assegura, escapam �s condi��es hist�ricas, sociais e psicol�gicas que est�o
presentes aquando do desenvolvimento e da investiga��o, ou devemos antes afirmar que a
ci�ncia est� prisioneira desses aspectos subjectivos?
- Pensadores como Karl Popper e Thomas Kuhn, estabeleceram que postulados indemonstr�veis
existiam no seio das teorias cient�ficas, ideias obsessivamente a priori animavam o
esp�rito dos cientistas, tais como o determinismo em Einstein e o indeterminismo em Niels
Bohr. Kuhn revelou-nos a exist�ncia de paradigmas ou princ�pios ocultos que governavam o
saber e permitiam a sua organiza��o.
- Podemos afirmar com relativa seguran�a que a ci�ncia se auto-produz, no entanto, ela
n�o o faz num terreno herm�tico e completamente blindado dos aspectos subjectivos da
realidade social, mas em condi��es hist�ricas muito precisas.
- Neste sentido, a desmistifica��o da ideia de uma ci�ncia pura, separada de todo e
qualquer contexto social, hist�rico e subjectivo, � uma das tarefas que a filosofia deve
levar a cabo na sua vigil�ncia epistemol�gica. As interpreta��es cient�ficas, na sua
pretens�o de universalidade, s�o sempre partid�rias, ocultam e congregam projectos de
interesses de determinados subgrupos da sociedade. A ci�ncia tal como se pratica, n�o �
aquilo que geralmente se pensa, depende sempre de um factor humano essencial que determina
"aquilo que � interessante" investigar.
FILOSOFIA
11� ANO
ANEXO 24 |
FICHA FORMATIVA
Preenche os espa�os vazios com os conceitos abaixo indicados:
O fil�sofo americano Thomas Kuhn, por sua vez,
considera que a ci�ncia evolui, n�o s� progressivamente, mas tamb�m _______________.
Os princ�pios de explica��o que comandam e orientam o modo como vemos o mundo os
____________ - s�o substitu�dos quando j� n�o se mostram capazes de explicar dados ou
___________ novos as _____________. Esta incapacidade provoca _____________ e
conflitos entre os que defendem o _________ paradigma (que procuram minimizar a
import�ncia desses problemas novos ou alargar e ______________ o paradigma, de forma a
torn�-lo _________ a enquadrar esses dados e explic�-los) e os inovadores e
revolucion�rios.
Esta situa��o de _________ inaugura um per�odo _____________ no
devir da ci�ncia e pode culminar numa _____________ cient�fica, que � precisamente a
___________ de um novo paradigma.
Conceitos: crise; imposi��o; paradigmas; velho;
revolucionariamente; confrontos; apto; extraordin�rio; problemas; reformular;
revolu��o; anomalias.
Clarifica os seguintes conceitos:
Ci�ncia normal
Ci�ncia extraordin�ria
BIBLIOGRAFIA
Baudouin, J., Karl Popper, Edi��es 70, Lisboa, s/d.
Boaventura, S., S., Um Discurso sobre as Ci�ncias,
Afrontamento, Lisboa, s/d.
Carrilho, M., M., "Kuhn e as Revolu��es Cient�ficas", in Col�quio
Ci�ncias, n.� 2, Funda��o Calouste Gulbenkian, Lisboa, s/d.
Hawking, W., S., Breve Hist�ria do Tempo, Gradiva, Lisboa,
1996.
Heisenberg, W., A Imagem da Natureza na F�sica Moderna, Livros
do Brasil, Lisboa, s/d.
Kuhn, T., La Structure des R�volutions Scientifiques, Paris,
Flammarion, s/d.
Morin, E., Ci�ncia com Consci�ncia, Publica��es
Europa-Am�rica, Lisboa, s/d.
Popper, K., Lorenz, K., O Futuro est� Aberto, Ed. Fragmentos,
2� ed., Lisboa, s/d.
Reis, A., Pissara, M., Rumos da Filosofia, 11� ano, Ed. Rumo,
Lisboa, 1995.
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