FILOSOFIA

10� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 1

 

A FILOSOFIA NA EDUCA��O SECUND�RIA

 

Texto 1

   "Entre os argumentos desenvolvidos contra o ensino da filosofia, um dos mais h�beis e dos mais interessantes que se ouvem sustentar (...) consiste em defender, sem veem�ncia mas com firmeza, o elevado interesse da filosofia, mas, ao mesmo tempo, em lamentar o tempo e a energia perdidos que representa o seu ensino nos liceus e no primeiro ciclo das universidades. Do exame a que se submetem esses bons ap�stolos, a filosofia como actividade intelectual em geral sai-se aparentemente muito bem. Eles reconhecem-lhe de boa mente esses t�tulos de nobreza que a tradi��o lhe outorgou. Mais ainda, eles felicitam-se com o sucesso que acolhe uma ou outra publica��o de car�cter filos�fico recolhida no seio de um vasto p�blico.(...)
   Mas, ao mesmo tempo, eles empenham-se, usando todos os meios e todos os poderes que lhes s�o oferecidos, em denunciar o erro muito antigo que constitui o ensino da filosofia nos anos mais elevados dos liceus e no ciclo elementar do ensino superior, numa �poca em que se imp�em � forma��o da juventude objectivos igualmente importantes e onde t�m sido definidas t�cnicas para aprender a pensar bem, mais simples e econ�micas. � conhecida a argumenta��o: os desafios que devem conduzir as nossas sociedades industriais para a euforia comunicacional e p�s-moderna s�o t�o duros e t�o constrangedores que colectividades e indiv�duos devem conceder prioridade absoluta � forma��o-transforma��o profissionais de cada um e de todos, o que sup�e que a educa��o seja reduzida � instru��o e que esta, na aquisi��o tanto dos saber-fazer como dos conhecimentos que sustentam e prolongam aqueles, saiba limitar-se ao que prepara efectivamente para o dom�nio de t�cnicas reconhecidas como directamente �teis ao acolhimento da p�s-modernidade. O ensino da filosofia n�o tem a�, evidentemente, o seu lugar. (...).
   Existe, como pano de fundo, uma concep��o da sociedade e da filosofia da qual n�o basta dizer que ela � utilitarista e positivista e que ela releva da ideologia tecnocr�tica. (...) � necess�rio acrescentar que o que ela teme acima de tudo, � o p�r em quest�o da ordem s�cio-pol�tica."

F. Chatelet, "D�un certain type d�attaque contre l�enseignement de la philosophie" in La Gr�ve des Philosophes,pp.43-45

 

 

Texto 2

   "(...) Quais s�o as justifica��es pedag�gicas que se podem dar do valor formativo da filosofia? Em que � que o ensino da filosofia se distingue dos outros ensinos?
   Para dar conta do valor formativo deste ensino far-se-� valer que ele desenvolve capacidades de an�lise, de leitura, de abstrac��o; que ele induz o sentido do questionamento e do problem�tico; que ele alarga as t�cnicas de argumenta��o e conduz ao desenvolvimento do racioc�nio; que ele abre para uma interroga��o conceptual e uma reflex�o racional; que ele instaura uma dist�ncia cr�tica e convida a um regresso reflexivo sobre si e sobre as condi��es de possibilidade de um pensamento; que ele tem a tarefa de elucida��o da nossa rela��o ao mundo.(...)
   A filosofia distingue-se das disciplinas cient�ficas pelo reconhecimento impl�cito de uma universalidade do pensamento, desembara�ado das escorias da doxa. Porque trabalha sobre o pensamento das coisas e n�o directamente sobre as coisas, a filosofia permite a formula��o do pensamento segundo uma l�gica racional. E a racionalidade do pensamento excede a racionalidade cient�fica. A racionalidade cient�fica n�o constitui toda a racionalidade; ela n�o pode preparar para um pensamento racional nos dom�nios e nas actividades que, enquanto homem, exerce o cientista. A linguagem convencional das ci�ncias n�o � transfer�vel para outros dom�nios do pensamento e da ac��o: intransfer�vel porque intraduz�vel, intraduz�vel porque constitutiva do objecto cient�fico. A empresa racional da ci�ncia n�o pode ser pois uma educa��o da raz�o, ela n�o � sen�o a aprendizagem de uma linguagem t�cnica. (...)
   Tamb�m se concluir� que o ensino da filosofia n�o se contenta em jogar um papel no conjunto da fun��o ensinante, mas que se confunde com essa fun��o. Sem ele os adolescentes ficam privados n�o de mais um elemento da cultura substitu�vel por outro: eles ficam privados do que transforma a institui��o em educa��o."

E. Tassin, "La valeur formatrice de la philosophie" in La Gr�ve des Philosophies, pp.147-149

 

 

Proposta de trabalho

Para uma reflex�o sobre a relev�ncia do ensino da filosofia na educa��o secund�ria prop�e-se:

a) A leitura e a discuss�o dos dois textos acima transcritos.

b) Discuss�o e redac��o dos principais objectivos do ensino da filosofia que se depreendem da leitura dos dois textos acima transcritos.

 

 

GUI�O DE AN�LISE (anexo 1)

 

Objectivos espec�ficos:

- Reconhecer a import�ncia que a Filosofia assume na actualidade.

 

Metodologia de an�lise:

- Leitura conjunta dos textos;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das teses centrais dos textos;
- Discuss�o oral.

 

Conte�dos informativos:

- O valor formativo do ensino da Filosofia reside, na capacidade de an�lise, de leitura, de abstrac��o; que ele desenvolve; o sentido do questionamento que ele induz; o alargamento das t�cnicas de argumenta��o e o desenvolvimento do racioc�nio.
- A instaura��o de uma inst�ncia cr�tica e o convite a uma reflex�o sobre si mesmo e sobre as condi��es de possibilidade de um pensamento, que tem como tarefa fundamental a elucida��o da nossa rela��o ao mundo.

 

Tarefas:

- Anota��o no quadro, dos principais objectivos do ensino da Filosofia no ensino secund�rio, que se depreendem da leitura dos dois textos.

 

FILOSOFIA

10� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 2

 

TEXTO DE APOIO

 

PARA QUE SERVE A FILOSOFIA?

   "Com algum custo se reconhece (...) n�o ser a filosofia uma ci�ncia, quando o "esp�rito do tempo" parece dar reconhecimento duma forma enf�tica aos "saberes" que visam ou concretizam esse modelo encantado de compreender o Mundo.(...)
   At� ao momento em que cabe � filosofia "justificar-se" perante as ci�ncias, lutar por um lugar ao Sol, bater-se agora pela sobreviv�ncia, tentar responder �s desvairadas gentes que de dedo apontado lhe perguntam"para que serve"...
   Os ensaios de resposta nunca saciam os "sujeitos" que transportam as perguntas, pois essa quest�o n�o se pode, em sentido real, dar satisfa��o. � preciso reconhecer a� a face perversa dum novo-riquismo mal disfar�ado que anseia por um "branqueamento" de todas as sombras e de todas as hesita��es que inelutavelmente o filosofar comporta. (...)
   Mas se a filosofia parece n�o chegar a s�tio nenhum � porque ela, mais do que uma "teoria de alvos", � a "arte das traject�rias", labirinto de caminhos em que as ci�ncias se erguem � medida em que os incidentes da viagem ou a fadiga dos dias nos compelem a pernoitar. Se isto se esquecer, tudo se perder�. Ser� ent�o, finalmente, uma disciplina.(...)
   N�o se pe�a � filosofia aquilo que ela n�o pode dar e n�o forne�am aqueles que com ela vivem esperan�as e ilus�es que n�o devem alimentar!
   A filosofia n�o � um trabalho no sentido comum do termo, na vertente "dolorosa/fatigante/cinzenta" que lhe � comummente associada. � algo de dispens�vel, in�til, sup�rfluo. Como um jogo que se joga mas pode deixar de jogar-se que a vida corre na mesma, e haver� a sucess�o dos dias e das noites, as esta��es do ano e tudo.
   Mas, se n�o se jogar esse jogo, esse caminhar sem se saber para onde se vai e quanto ou o que se vai ganhar com isso, esse prazer de um pensamento livre por efeito de si pr�prio, poderemos, como Creso, transformar tudo em ouro e sermos ent�o uma esp�cie miseravelmente feliz, dormitando � sombra do fim da Hist�ria. Todas as �tacas nos passar�o ao lado, todos os cristais se partir�o e at� os deuses, se existirem, saber�o que uma pequena, uma �nfima parte de si mesmos os abandonou para nunca mais!"

Levi Malho, Filosofia e teoria dos jogos

A Filosofia ....

...mais do que uma disciplina...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

...mais do que um trabalho...

...� um jogo, um prazer de pensar livremente.

 

 

GUI�O DE AN�LISE (anexo 2)

 

Objectivos espec�ficos:

- Tomar consci�ncia da necessidade da Filosofia no ensino secund�rio.

 

Metodologia de an�lise:

- Leitura conjunta dos textos;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das teses centrais dos textos;
- Discuss�o oral.

 

Conte�dos informativos:

- A Filosofia mais do que uma disciplina, mais do que um trabalho, � um jogo, um prazer de pensar livremente.
- Se n�o se jogar esse jogo, se se caminhar sem saber para onde se vai ou o que podemos ganhar com isso, o homem corre o risco de abandonar uma das necessidades vitais, caracterizadoras da sua condi��o humana, a saber o constante questionar, a pergunta, o desejo de insatisfa��o que nos leva a querer saber mais sobre a nossa exist�ncia.
- � neste sentido que devemos procurar encarar a Filosofia. A tarefa n�o se revela f�cil, visto que contraria toda a envolv�ncia que hoje nos rodeia, claramente marcada pelo valor pr�tico, �til e concreto de uma sociedade utilitarista e positivista.

 

Tarefas:

- Os alunos dever�o realizar a leitura de um texto, atribuir-lhe um t�tulo e proceder � sua an�lise com o aux�lio de um modelo proposto. Deste modo tomar�o consci�ncia das cr�ticas que actualmente s�o dirigidas � Filosofia.

 

FILOSOFIA

10� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 3

 

FICHA DE TRABALHO

 

O descr�dito da filosofia

   " A primeira tarefa que se apresenta a uma iniciativa cr�tica � a defini��o do equ�voco presente na palavra filosofia (...)
   Vivemos num tempo em que os fil�sofos se abst�m. Vivem num estado de escandalosa aus�ncia. H� um desvio escandaloso, uma dist�ncia escandalosa entre o que a filosofia anuncia e o que acontece aos homens a despeito das suas promessas; no momento em que repete a sua promessa a filosofia est� em fuga. Ela nunca se encontra onde ter�amos necessidade dos seus servi�os. Est�, ou parece estar, demission�ria. Temos que falar de abandono de posto, trai��o. Quando ouvimos dizer que a filosofia ainda fala de rela��es, de fen�menos e de realidades, de "�lans vitais" e de n�meros, de iman�ncia e de transcend�ncia, de conting�ncia e de liberdade, de almas e de corpos (...) n�o vemos como esses bacilos do esp�rito, esses produtos teratol�gicos da medita��o poderiam explicar ao homem vulgar a tuberculose da sua filha, a c�lera da sua mulher, o servi�o militar e as suas humilha��es, o seu trabalho, o desemprego, as suas f�rias, as guerras, as greves, a podrid�o dos seus parlamentos e a insol�ncia dos poderes; n�o vemos com o que rima a filosofia sem mat�ria, a filosofia sem rima nem raz�o.
   Os fil�sofos parecem ignorar como s�o feitos os homens, n�o conhecem o que eles comem, as casas em que vivem, os vestidos que usam, a maneira como morrem, as mulheres que amam, o trabalho que realizam. O modo como passam os seus domingos. O modo como tratam as suas doen�as. O seu emprego de tempo. O seu ordenado. Os jornais, os livros que l�em. Os espect�culos dos seus divertimentos, os seus filmes, as suas can��es, os seus prov�rbios. Esta ignor�ncia espantosa n�o perturba o curso pregui�oso da filosofia. Os fil�sofos n�o se sentem atra�dos pela terra, s�o mais leves do que os anjos, n�o t�m o peso dos vivos que amamos, nunca experimentaram a necessidade de andar entre os homens."

Paul Nizan, Les chiens de garde

 

 

 

 

 

 

 

 

Aprende a ler um texto. Experimenta o processo colocado em baixo.

Os fil�sofos vivem afastados do mundo e alheados da vida real.Icaro.JPG (12055 bytes)

A queda de �caro.

 

 

Identifica o tema do texto.


Selecciona palavras ou frases que caracterizam o tema.

Porque � que o autor trata este tema?

No texto est� patente um tema e um modo como uma determinada �poca o v�. Selecciona palavras ou frases caracterizadoras dessa �poca.

V�s alguma semelhan�a entre o tema do texto e a imagem acima apresentada?

 

FILOSOFIA

10� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 4

 

Texto n� 1

   "O termo "filosofia" teve origem na Gr�cia antiga. Etimologicamente podemos distinguir nele duas componentes: fileo =amo, procuro e sophia = sabedoria, conhecimento. Assim, originariamente, o termo filosofia queria dizer, para os Gregos, "amor da sabedoria" ou "busca do conhecimento"."

Ajdukiewicz, Problems and Theories of Philosophy

 

Texto n�2

   "Se nos virarmos para a pr�pria palavra filosofia e para o seu significado etimol�gico, veremos que esta palavra,usada pela primeira vez por Pit�goras deriva de duas ra�zes: filos = amigo, o que gosta, o que ama e sophia = sabedoria. Portanto a filosofia significou para os primeiros fil�sofos gregos o amor � sabedoria. Fil�sofo �, segundo o significado etimol�gico da palavra, aquele que ama, que gosta e, portanto, procura a sabedoria. O fil�sofo � assim habitado por esse fogo ardente, por esse desejo insaci�vel que o motiva a procurar a sabedoria. A etimologia deixou uma outra marca no conceito de filosofia e de fil�sofo.
A sophia ou sabedoria estava reservada aos deuses. Ao homem restava-lhe a humilde tarefa de incessantemente a procurar. Julgar-se ou afirmar-se s�bio � sinal de pouca sabedoria! Foi essa a li��o que S�crates nos deixou. O seu c�lebre "s� sei que nada sei" manifesta a sua humildade e significa que a ignor�ncia autoconsciente � superior a todo o falso saber."

M. Pissarra e Alfredo Reis - Rumos da Filosofia (10�ano), Edi��es Rumo, 1994

 

Pit�goras - Fil�sofo e matem�tico grego do s�c. VI a. C.




 


S�crates -
(470/469 - 399 a. C.) Fil�sofo ateniense.

 

Texto n� 3

   "A palavra grega fil�sofo (philosophus) � formada em oposi��o a sophos, significa o que ama o saber, em contraposi��o ao possuidor de conhecimentos, que se designa por s�bio. Este sentido da palavra manteve-se at� hoje: � a demanda da verdade e n�o a sua posse que constitui a ess�ncia da filosofia, muito embora tenha sido frequentemente tra�da pelo dogmatismo, isto �, por um saber expresso em dogmas definitivos, perfeitos e doutrinais. Filosofar significa estar a caminho."

Karl Jaspers - Inicia��o filos�fica, Lisboa, Guimar�es Ed., 1972, p.15

 

O que � o dogmatismo?

Pesquisar num dicion�rio de filosofia

 

GUI�O DE AN�LISE (anexo 4)

 

Objectivos espec�ficos:

- Definir etimologicamente Filosofia.

 

Metodologia de an�lise:

- Leitura conjunta dos textos;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das teses centrais dos textos;
- Discuss�o oral.

 

Conte�dos informativos:

- O termo filosofia queria dizer, para os Gregos, "amor da sabedoria" ou "busca do conhecimento".
- Fil�sofo �, segundo o significado etimol�gico da palavra, aquele que ama, que gosta e, portanto, procura a sabedoria. O fil�sofo � assim habitado por esse fogo ardente, por esse desejo insaci�vel que o motiva a procurar a sabedoria.
- � a demanda da verdade e n�o a sua posse que constitui a ess�ncia da filosofia, muito embora tenha sido frequentemente tra�da pelo dogmatismo, isto �, por um saber expresso em dogmas definitivos, perfeitos e doutrinais.

 

Tarefas:

- Os alunos dever�o realizar uma ficha biogr�fica sobre o fil�sofo S�crates. Sugere-se uma ida � biblioteca da escola, com o objectivo de recolher informa��es sobre este autor.

 

FILOSOFIA

10� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 5

 

Aproxima��o etimol�gica da palavra Filosofia

 

Texto n� 1

   "O que � a Filosofia?" (...) conhece-se uma quantidade incalcul�vel de respostas. No entanto, nenhuma delas pode ser considerada categoricamente como certa ou errada. Porqu�? Porque cada uma diz respeito a uma outra quest�o mais particular. Assim a defini��o aristot�lica de filosofia n�o �, no fundo, mais do que a defini��o da filosofia de Arist�teles.
   (...) Ora, a hist�ria da filosofia mostra-nos que quase todos os fil�sofos estavam convencidos de que a sua doutrina exprimia, de maneira adequada, a ess�ncia invari�vel da filosofia.
   Portanto, se nos encontramos face a respostas m�ltiplas, a solu��o n�o pode reduzir-se � escolha daquela que pare�a a mais v�lida, � preciso ainda estudar esta multiplicidade espec�fica, o que ao faz�-lo nos levar� a compreender que a quest�o "o que � a filosofia?", bem como as variadas respostas que ela provoca, nos obrigam a debru�ar-nos sobre a realidade, infinitamente variada, que a filosofia procura apreender"

Theodor Otzerman - Problemas de hist�ria da filosofia, Lisboa, Livros Horizonte, 1976, pp.50 e 51

 

Texto n� 2

   "Cabe a cada filosofia dizer o que entende por filosofia: a pr�pria defini��o de filosofia implica j� uma filosofia.
   A perspectiva muda se considerarmos a filosofia n�o como uma ess�ncia a definir, mas como uma exist�ncia a descrever: a hist�ria torna-se ent�o uma recolha de experi�ncias que ilustram as condi��es da exist�ncia da filosofia."

H. Gouhier -La Philosophie et son Hist�ire, Paris, J. Vrin, 1948, p.5

 

Texto n� 3

   "Se um bot�nico quiser explicar-vos de que coisa trata a sua ci�ncia, apresentar-vos-� flores e plantas. Um f�sico apontar-vos-� qualquer fen�meno elementar. Um matem�tico, n�o tratando das coisas que caem debaixo dos sentidos, encontrar�, todavia, forma de vos fazer entender os fins da sua disciplina, servindo-se de qualquer opera��o intuitiva. O fil�sofo n�o tem nenhuma dessas vantagens. N�o poder� mostrar na natureza os objectos em torno dos quais anda o seu discurso. (...)
   O objecto visado pelo fil�sofo encontra-se do lado de l� da experi�ncia imediata; ele n�o poder� indicar-vo-lo sen�o indirectamente, atrav�s do seu pr�prio discurso. (...) O fil�sofo tem a fun��o de fazer surgir em n�s a percep��o de certos problemas."

V. Mathieu - Storia della Filosofia, vol I Brescia, Ed. La Scuola, 1966, pp. 9-10

 

 

GUI�O DE AN�LISE (anexo 5)

 

Objectivos espec�ficos:

- Reconhecer as dificuldades inerentes � defini��o de Filosofia.

 

Metodologia de an�lise:

- Leitura conjunta dos textos;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das teses centrais dos textos;
- Discuss�o oral.

 

Conte�dos informativos:

- O que � a Filosofia? conhece-se uma quantidade incalcul�vel de respostas. No entanto, nenhuma delas pode ser considerada categoricamente como certa ou errada. Porqu�? Porque cada uma diz respeito a uma outra quest�o mais particular. Assim a defini��o aristot�lica de filosofia n�o �, no fundo, mais do que a defini��o da filosofia de Arist�teles.
- Enquanto o matem�tico, o f�sico, o bi�logo podem com alguma facilidade indicar os fen�menos sobre os quais recai a sua investiga��o, o fil�sofo n�o tem nenhuma dessas vantagens. N�o poder� mostrar na natureza os objectos em torno dos quais anda o seu discurso. Da� deriva a dificuldade sentida por todos aqueles que pretendem dar uma defini��o de Filosofia.
- O objecto da Filosofia n�o pode ser claramente delimitado, poderemos afirmar que a universalidade a que a filosofia aspira, impede uma delimita��o do seu objecto de estudo.

 

Tarefas:

- Pede-se a indica��o por parte dos alunos, dos v�rios problemas tratados na aula de Filosofia, desde o in�cio do ano lectivo. Ser� registado no quadro as v�rias respostas dos alunos. Seguidamente, os alunos ser�o chamados a procurar um conceito que reuna todos os problemas tratados na aula de Filosofia, e que possa servir como ponto de refer�ncia indicador do objecto de estudo da Filosofia. Pretende-se com esta tarefa que os alunos reconhe�am a dificuldade que existe em delimitar o objecto da Filosofia.

 

FILOSOFIA

10� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 6

 

FICHA DE TRABALHO

 

OS TEMAS CONSTANTES DA FILOSOFIA

 

TEMA

EXPLICA��O DO TEMA

. .
. .
. .
. .
. .
. .
. .
. .

Procura agora encontrar um conceito que permita realizar uma s�ntese de todos estes temas.

Registo das conclus�es a retirar deste exerc�cio:

 

FILOSOFIA

10� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 7

 

NOTA DE SINTESE

 

H� uma quantidade incalcul�vel de defini��es de filosofia; nenhuma � absolutamente certa ou errada. A filosofia foi-se realizando ao longo da hist�ria; cada fil�sofo define a filosofia a partir da sua pr�pria concep��o e da sua filosofia. Esta multiplicidade de defini��es radica, em parte, na "realidade, infinitamente variada que a filosofia procura apreender", isto �, no seu objecto.

A primeira dificuldade de defini��o de filosofia enra�za na falta de neutralidade de quem a define. Isto �, definir a filosofia � tomar partido, � optar por uma filosofia ou uma perspectiva filos�fica. O conceito de filosofia, o objecto da filosofia, as finalidades que se prop�e, o m�todo utilizado bem como a linguagem e o estilo s�o diferentes num fil�sofo marxista, existencialista, tomista ou analista da linguagem. Numa palavra: h� diferentes concep��es e defini��es de filosofia, h� diferentes escolas filos�ficas e isso faz com que a resposta � pergunta "o que � a filosofia?" seja o primeiro grande problema para a filosofia hoje.

N�o � f�cil, n�o � pac�fica, nem � consensual a no��o ou conceito de filosofia. Muitos preferem falar de filosofia, no plural.
Como reconhece G. Simmel, � a pr�pria defini��o de filosofia que se constitui em todos os sistemas filos�ficos como o primeiro dos seus problemas. "Pois o que a filosofia �, s� dentro dela pr�pria e s� com os seus conceitos e meios pode realmente determinar-se: � ela mesma, digamos, o primeiro dos seus problemas". (G. Sammel - Problemas Fundamentais da Filosofia, Coimbra, Atl�ntida, 1970, p.7). S� mesmo a filosofia pode dizer o que � a filosofia.

 

FILOSOFIA

10� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 8

 

ALGUMAS ESCOLAS FILOS�FICAS

 

   O positivismo l�gico e a filosofia anal�tica, duas das mais importantes e influentes correntes da filosofia contempor�nea, entendem e praticam a filosofia fundamentalmente como an�lise da linguagem cient�fica, cujo objectivo primeiro � o de determinar as condi��es gerais e formais de uma linguagem precisa e rigorosa que evite mal entendidos e equ�vocos. A filosofia anal�tica privilegia antes a an�lise da linguagem comum ou corrente. S� a clarifica��o e a simplifica��o da linguagem conduzem � elimina��o dos problemas tradicionais da filosofia, sobretudo dos da metaf�sica. L. Wittgenstein � um dos fil�sofos mais representativos da filosofia anal�tica.

   A fenomenologia, que teve em Husserl o seu representante mais destacado, concebe e exerce, por seu lado, a filosofia como an�lise da consci�ncia na sua intencionalidade, ou seja, como an�lise de todas as poss�veis formas como a realidade � dada e se torna presente � consci�ncia, sejam elas a percep��o, o pensamento, a recorda��o, a vontade, o desejo, o sentimento ou a afectividade.

   O existencialismo e as filosofias da exist�ncia, n�o obstante a diversidade dos pontos de vista dos seus m�ltiplos representantes, parecem coincidir na afirma��o de que a filosofia se deve concretizar na an�lise da exist�ncia, entendida como o modo de estar do homem no mundo, radicalmente distinto do modo de ser, de estar e de existir das demais realidades. � a singularidade humana vivida e n�o a totalidade abstracta da humanidade em geral que deve estar na origem do filosofar. O que existe verdadeiramente n�o � a totalidade na qual as realidades singulares se dissolveriam, mas antes o singular, a realidade concreta e pessoal de cada exist�ncia humana. Na bases destes pressupostos s�o os temas da individualidade, da liberdade, da autenticidade, da decis�o, do projecto, das possibilidades, da dor e do sofrimento, da morte e da ang�stia que se tornam os temas por excel�ncia da reflex�o filos�fica.

in, J. Vicente e J. Louren�o - Do vivido ao pensado (10� ano), Porto Editora

 

FILOSOFIA

10� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 9

 

FICHA DE TRABALHO

   Procura elucidar-te acerca das duas Escolas Filos�ficas n�o exploradas na aula (empirismo e racionalismo). Para isso, procura-as num dicion�rio ou numa Hist�ria da Filosofia.

   Faz uma ficha biogr�fica sobre um dos representantes de cada uma dessas escolas.

Bom trabalho!

 

FILOSOFIA

10� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 10

 

A TOTALIDADE DO REAL

 

Texto n�1

   "Ao contr�rio do que sucede nas ci�ncias, que descuram a cr�tica dos seus fundamentos uma vez admitidos, pelo menos at� que eles se declarem impotentes para suportar todo o trabalho construtivo posterior, na filosofia n�o � hoje admitido o que ontem foi considerado a �ltima verdade, embora amanh� possa voltar a s�-lo, como a hist�ria no-lo mostra. Parece faltar-lhe a consci�ncia do seu pr�prio progresso que, por outro lado, � uma caracter�stica constante de todas as outras formas de conhecimento.(...)
   A raz�o disto est� na dificuldade de determinar o objecto da filosofia, atitude primeira sempre exigida em qualquer outra esp�cie de saber. Todavia a express�o "determinar o objecto de" � j� uma express�o denunciadora de caminho errado no sentido da filosofia. Tudo quanto se deixa determinar objectivamente em fun��o dum m�todo pressuposto � um produto de redu��o num dom�nio que, independentemente, n�o pode interessar � filosofia, � objecto de ci�ncia. Os limites da determina��o objectiva da f�sica, pelo menos da f�sica cl�ssica, s�o mais ou menos precisos e a sua precis�o foi-lhe garantida pela pr�via escolha dum m�todo que tem j� em si, potencialmente, os limites da sua poss�vel e pr�pria extens�o. Tudo quanto n�o estiver dentro desta, tudo quanto n�o pode ser agarrado pelo m�todo, n�o � f�sico; deve ser qu�mico, ou biol�gico, ou psicol�gico; ou metaf�sico, etc., etc."

Delfim Santos, op. cit, p.224

Texto n� 2

   Importa, com efeito, acentuar que se n�o vislumbra qualquer diferen�a essencial entre filosofia e ci�ncias, no que respeita aos seus objectos, ou antes, ao seu objecto: uma e outras defrontam-se com o problema da inteligibilidade do universo e do homem. Nem a filosofia nem as ci�ncias t�m outro fim ou outra justifica��o. E n�o se objecte com o car�cter sectorial das investiga��es cient�ficas acerca de aspectos do mundo e do homem, pois isso significaria que se considera pertinente - e n�o �! - o lugar comum de que aquilo que, por si mesmo, distingue e caracteriza o conhecimento filos�fico � a busca do geral. (...) As diferen�as v�lidas a estabelecer a� respeitam t�o somente � extens�o dos dom�nios do real abordados ou abord�veis. Como � evidente, o f�sico, delimita rigorosamente o campo da sua pesquisa, enquanto o fil�sofo, ai dele! goza do terr�vel privil�gio de tudo quanto � real cair ou poder cair sob a al�ada da sua inquieta��o.

Cada ci�ncia aborda a realidade numa perspectiva delimitada, numa vis�o parcelar. A Filosofia n�o ignorando mas pressupondo o trabalho das diferentes ci�ncias, representa o esfor�o do homem para se apoderar do sentido da totalidade do real.
  
Tal como a filosofia, a experi�ncia quotidiana, a t�cnica e as ci�ncias s�o tamb�m formas de conhecimento. A Filosofia procura reflectir sobre a totalidade destes saberes, de uma forma cr�tica e insatisfeita, indo � raiz dos problemas, abordando-os profundamente.

 

FILOSOFIA

10� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 11

 

AS V�RIAS DISCIPLINAS FILOS�FICAS

 

   Uma forma poss�vel de compreender o objecto da Filosofia � analisar o que fazem os fil�sofos. A Filosofia � tamb�m uma actividade. Ao longo da hist�ria a Filosofia foi uma actividade de reflex�o sobre:

Problemas do ser, da realidade quest�es metaf�sicas;
Problemas do pensar quest�es l�gicas;
Problemas do conhecimento em geral quest�es gnoseol�gicas ou de teoria de conhecimento;
Problemas do conhecimento cient�fico e da ci�ncia quest�es epistemol�gicas, de teoria e filosofia da ci�ncia;
Problemas dos valores e da ac��o humana quest�es de axiologia, de �tica, de filosofia pol�tica, de est�tica, etc;
Problemas da linguagem quest�es da filosofia da linguagem

 

   Quanto � classifica��o das v�rias disciplinas filos�ficas � muito conhecida e foi muito utilizada a proposta apresentada por C. Wolff. Eis como este autor ordenava (com ligeiras altera��es) essas �reas:

1 - Proped�utica

a) L�gica
b) Teoria do Conhecimento

2 - Teor�tica

a) Metaf�sica Geral ou Ontologia
b) Cosmologia (ou Filosofia da Natureza)
c) Psicologia
d) Teologia Natural (ou Teodiceia)

3 - Pr�tica

a) Direito Natural
b) Filosofia Moral (ou �tica)
c) Filosofia Civil (ou Pol�tica)
d) Economia
e) Filosofia das Artes (Gram�tica, Ret�rica e Po�tica)

 

GUI�O DE AN�LISE (anexo 10 e 11)

 

Objectivos espec�ficos:

- Reconhecer as dificuldades de uma delimita��o do campo filos�fico.
- Adquirir uma vis�o global das �reas/problemas da Filosofia.

 

Metodologia de an�lise:

- Leitura conjunta dos textos;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das teses centrais dos textos;
- Discuss�o oral.

 

Conte�dos informativos:

- Na filosofia n�o � hoje admitido o que ontem foi considerado a �ltima verdade, embora amanh� possa voltar a s�-lo, como a hist�ria no-lo mostra. Parece faltar-lhe a consci�ncia do seu pr�prio progresso que, por outro lado, � uma caracter�stica constante de todas as outras formas de conhecimento.
- A raz�o disto est� na dificuldade de determinar o objecto da filosofia, atitude primeira sempre exigida em qualquer outra esp�cie de saber.
- A Filosofia n�o ignorando mas pressupondo o trabalho das diferentes ci�ncias, representa o esfor�o do homem para se apoderar do sentido da totalidade do real.
- A Filosofia procura reflectir sobre a totalidade dos saberes, de uma forma cr�tica e insatisfeita, indo � raiz dos problemas, abordando-os profundamente.

 

Tarefas:

- Preenchimento de um quadro com os conceitos estudados na aula, que possam justificar a necessidade da Filosofia.

 

FILOSOFIA

10� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 12

 

FICHA DE TRABALHO

 

ASSUNTOS/TEMAS QUE JUSTIFICAM A FILOSOFIA

 

NECESSIDADE DE ALGO COMO A FILOSOFIA

A ACTIVIDADE FILOS�FICA TEM GRANDE IMPORT�NCIA DEVIDO AO SEU TRABALHO DE PROBLEMATIZA��O E AO SEU REGISTO CR�TICO

 

JUSTIFICA A NECESSIDADE DA FILOSOFIA NA SOCIEDADE ACTUAL

 

FAZ UMA LISTAGEM DAQUILO QUE ENCONTRASTE DE INOVADOR NA ATITUDE FILOS�FICA

 

FILOSOFIA

10� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 13

 

Texto n� 1

   "Os fil�sofos s�o t�o livres como quaisquer outras pessoas de empregar qualquer m�todo na busca da verdade. N�o H� um m�todo pr�prio da filosofia. (...) Contudo, estou disposto a admitir que existe um m�todo ao qual poderia chamar-se "o �nico m�todo da filosofia". Ainda que n�o somente caracter�stico desta, � o pr�prio de toda a discuss�o racional e, por isso, tanto � das ci�ncias da Natureza como da Filosofia; refiro-me ao m�todo de enunciar claramente os pr�prios problemas e de examinar criticamente, as diversas solu��es propostas."

K. Popper, A L�gica da Investiga��o Cient�fica

 

Texto n� 2

   "N�o podemos partir sen�o da incerteza, compreendendo por isso tamb�m a incerteza sobre a d�vida.
   (...) A nossa necessidade hist�rica � a de encontrar um m�todo que detecte e que n�o oculte as liga��es, articula��es, (...) implica��es, (...) interdepend�ncias, complexidades.
   �-nos necess�rio partir das falsas claridades. N�o do claro e distinto, mas do obscuro e incerto; n�o do conhecimento seguro, mas da cr�tica da seguran�a. N�o podemos partir sen�o da ignor�ncia, da incerteza, da confus�o. Mas trata-se de uma consci�ncia nova da ignor�ncia, da incerteza, da confus�o. (...) A d�vida sobre a pr�pria d�vida, d�-lhe uma dimens�o nova, a da reflexividade; a d�vida pela qual o sujeito se interroga sobre as condi��es de emerg�ncia e de exist�ncia do seu pr�prio pensamento (...). Enfim, a aceita��o da confus�o pode tornar-se um meio de resistir � simplifica��o mutiladora. Falta-nos o m�todo; mas, pelo menos, podemos dispor de um antim�todo, ou ignor�ncia, incerteza confus�o, tornadas virtudes."

Edgar Morin, La M�thode, vol. I, p. 15-16

 

Texto n� 3

   A Filosofia n�o �, no fundo, nada de novo. Come�a com umas perguntas que se colocam quando o mundo, que nos � familiar e quotidiano, de repente perde o seu car�cter de evid�ncia e se converte num problema para n�s. Normalmente, vivemos num mundo como numa casa bem arrumada e ordenada que conhecemos sem qualquer dificuldade. Mas, quando essa familiaridade se nos torna problem�tica, encontramo-nos, de improviso, "com a intemp�rie" e "�s vezes nem dispomos de quatro estacas para montar uma tenda" (M.Buber). Ent�o, tudo nos parece problem�tico. Mencionemos algumas das perguntas deste tipo, pergunta como as que as crian�as podem fazer, mas que s�o familiares a cada um de n�s, porque j� as formul�mos: Porque � que existem as coisas? Que sentido tem o universo? Porque � que eu sou eu e n�o qualquer outro? Que H� depois da morte? Sou livre e respons�vel pelo que fa�o, ou tenho que agir assim? O que � a justi�a? � em perguntas deste tipo que tem lugar a origem da Filosofia.

A. Anzenbacher, Introduccion a la Filosofia

 

 

GUI�O DE AN�LISE (anexo 13)

 

Objectivos espec�ficos:

- Problematizar a exist�ncia de um m�todo filos�fico.

 

Metodologia de an�lise:

- Leitura conjunta dos textos;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das teses centrais dos textos;
- Discuss�o oral.

 

Conte�dos informativos:

- Enunciar claramente os pr�prios problemas e examinar criticamente, as diversas solu��es propostas, poder� ser considerado o m�todo da Filosofia.
- A Filosofia n�o �, no fundo, nada de novo. Come�a com umas perguntas que se colocam quando o mundo, que nos � familiar e quotidiano, de repente perde o seu car�cter de evid�ncia e se converte num problema para n�s.
- Porque � que existem as coisas? Que sentido tem o universo? Porque � que eu sou eu e n�o qualquer outro? Que h� depois da morte? Sou livre e respons�vel pelo que fa�o, ou tenho que agir assim? O que � a justi�a? � em perguntas deste tipo que tem lugar a origem da Filosofia.

 

Tarefas:

- Resolu��o de uma ficha de trabalho, onde os alunos dever�o indicar o tema subjacente a cada um dos textos, as suas teses e as notas diferenciadoras que nos permitem uma aproxima��o ao m�todo filos�fico.

 

FILOSOFIA

10� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 14

 

FICHA DE TRABALHO

 

1. Qual o tema subjacente a cada um dos textos?

2. Qual a tese defendida em cada um deles? Concordas com ela?

3. Retira dos textos as notas diferenciadoras que nos permitem uma aproxima��o ao m�todo filos�fico.

4. Tece um coment�rio cr�tico e pessoal ao exposto no texto n� 2.

5. "A Filosofia (...) come�a com uma das perguntas que se colocam quando o mundo (...) perde o seu car�cter de evid�ncia e se converte num problema para n�s" (A. Anzenbacher). Quais s�o para ti as quest�es que mais te fazem pensar?

 

FILOSOFIA

10� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 15

 

NOTA DE S�NTESE

 

A Filosofia, ao contr�rio das ci�ncias particulares, n�o se at�m a um objecto espec�fico de investiga��o e n�o pode submeter � metodologia emp�rica a totalidade do real sobre que recai a sua an�lise.
Mais, sendo o saber da filosofia um saber centrado no "homem" e nas suas realiza��es (cultura) e n�o tanto nas "coisas", como acontece nas ci�ncias, o saber resultante n�o pode adquirir (ou dificilmente pode adquirir) o estatuto de conhecimento certo e seguro, universalmente v�lido.

Enquanto as ci�ncias valorizam o m�todo experimental, baseando-se na verifica��o das hip�teses atrav�s da experi�ncia e na matematiza��o dos resultados obtidos, a filosofia, dada a vastid�o do seu objecto, s� poder� sistematizar-se em fun��o de uma actividade reflexiva e cr�tica. O m�todo da filosofia privilegiar� a reflex�o.

 

 

FILOSOFIA

10� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 16

 

Texto n� 1

   "A filosofia, necessidade de compreender, � uma inten��o de unidade. Acordemos em chamar causa aquele que faz compreender (...). A sabedoria � um conhecimento da causa. E a filosofia, inten��o de sabedoria, uma investiga��o de causa.
   Existe em n�s um apetite de sabedoria, um gosto por este saber que consiste em compreender. Este gosto � uma caracter�stica do homem. � por isto que este saber possui para o homem um sabor (...). Do mesmo modo que H� no nosso ser animal um apetite de comida que nos faz saborear o alimento nutritivo, h� no nosso ser espiritual um apetite de saber que nos faz saborear a sabedoria, uma necessidade de compreender que nos faz apreciar o conhecimento da causa. (...) A filosofia � a inten��o do pensamento para a sabedoria."

J. Vialatoux - A inten��o filos�fica,Coimbra, Liv. Almedina, 1975, pp.29-30

 

Texto n� 2

   "A filosofia � isto mesmo. Esta procura incessante de inteligibilidade, de compreens�o, para aquilo que, no fundo, s�o os problemas variados do nosso viver concreto. N�o apenas pela curiosidade de investigar, n�o apenas pela vaidade ou satisfa��o de saber, pela necessidade estrutural de agir e de transformar.
   Atitude te�rica, a filosofia d�-se, no entanto, sempre dentro de um conjunto pr�tico fundamental - o da realidade objectiva -, onde cada pensador � inelutavelmente chamado a tomar posi��o. Situa��o ingrata ou dif�cil, lamentar�o, porventura, alguns. Situa��o humana, por excel�ncia, recordar�o outros. No conjunto complexo de rela��es sociais em que o nosso viver consiste n�o h� lugar para a neutralidade que muitos reclamam s� para poderem mascarar por mais alguns instantes, a sua hipocrisia, ou a sua incapacidade de assun��o das op��es reais que praticam.
   Trata-se, sem d�vida, de um caminho �rduo, este o da filosofia. Por�m, bem vistas as coisas, n�o � mais �rduo do que a tarefa de viver que diante de cada um de n�s se abre quotidianamente exigindo resposta e responsabilidade."

J. Barata Moura

 

Texto n�3

   "O termo grego sofia, que se traduz habitualmente por sabedoria, sofreu uma evolu��o sem�ntica que vale a pena retomar brevemente para uma melhor compreens�o do saber da filosofia como sabedoria.
   O seu primeiro significado, presente, por exemplo, em Homero, era este: habilidade para realizar uma determinada opera��o ou obra. Um carpinteiro seria s�bio porque sabia, por exemplo, construir, com mestria, um barco ou um pipo. Tratava-se, pois, de um saber t�cnico.
   Posteriormente, o termo veio a designar (veja-se o uso que Her�doto fazia dele) a intelig�ncia ou prud�ncia pr�tica. Neste segundo sentido, a sabedoria era fundamentalmente um saber pr�tico, ou seja, um saber relativo � pr�xis ou ac��o humana.
   Em Plat�o e sobretudo em Arist�teles, o termo adquire uma significa��o predominantemente te�rica ou contemplativa. A sabedoria passa a ser identificada com a "ci�ncia dos primeiros princ�pios" e portanto com a pr�pria filosofia, perdendo, por isso, o significado de saber prudencial ou pr�tico, saber este que Arist�teles passou a designar com o termo "fr�nesis".
   No per�odo helen�stico, o termo sofia deixa, no entanto, de ser usado no sentido restrito que lhe dava Arist�teles - um saber te�rico e contemplativo - e passa a ser utilizado no sentido misto, ou seja, te�rico-pr�tico. Prevalece a concep��o da filosofia como a atitude de modera��o e prud�ncia em todas as coisas. S�bio � o homem que n�o s� sabe, mas que tamb�m tem uma grande e diversificada experi�ncia, o que o autoriza a emitir ju�zos reflexivos e maduros, isentos de paix�o e de precipita��o. O homem s�bio �, pois, aquele que re�ne em si um vasto saber te�rico e um alargado saber pr�tico (n�o tanto t�cnico). Mais ainda, s�bio � aquele que possui o saber e � virtuoso.
   Foi este ideal de sabedoria que veio a ser admitido como caracter�stico da filosofia e daquele que com rigor se pode designar fil�sofo."

J. Neves Vicente e J. Louren�o , Do vivido ao pensado (10�ano), Porto Editora, pp.97-98

 

Texto n� 4

   "� que a sageza n�o � transmiss�vel pela via livresca: para ganhar ser, ela h�-de abeberar a suas ra�zes na reflex�o daquilo que se vive, daquilo que constitui o ser das nossas inquieta��es. E, por isso, o sage n�o se pode dar ao luxo de reflectir, hoje, como se a ci�ncia n�o existisse e como se ela n�o fosse um dos ingredientes indispens�veis ao equacionamento dos nossos problemas. O sage n�o pode ignorar o s�bio, e tem mesmo de procurar s�-lo tamb�m; do di�logo entre a ci�ncia e a sageza, e s� dele, poder� resultar quer a humaniza��o do saber como tal, quer a operatividade do n�o saber reflexivo e actuante."

J. Serr�o - Inicia��o filos�fica,Lisboa, S� da Costa, 1970, p.23

 

 

GUI�O DE AN�LISE (anexo 16)

 

Objectivos espec�ficos:

- Reconhecer a import�ncia e o valor da Filosofia.

 

Metodologia de an�lise:

- Leitura conjunta dos textos;
- Esclarecimento de algum termo desconhecido;
- An�lise das teses centrais dos textos;
- Discuss�o oral.

 

Conte�dos informativos:

- Existe em n�s um apetite de sabedoria, um gosto por este saber que consiste em compreender. Este gosto � uma caracter�stica do homem.
- A filosofia � a inten��o do pensamento para a sabedoria.
- A filosofia � isto mesmo. Esta procura incessante de inteligibilidade, de compreens�o, para aquilo que, no fundo, s�o os problemas variados do nosso viver concreto. N�o apenas pela curiosidade de investigar, n�o apenas pela vaidade ou satisfa��o de saber, pela necessidade estrutural de agir e de transformar.
- Trata-se, sem d�vida, de um caminho �rduo, este o da filosofia. Por�m, bem vistas as coisas, n�o � mais �rduo do que a tarefa de viver que diante de cada um de n�s se abre quotidianamente exigindo resposta e responsabilidade.

 

Tarefas:

- Resolu��o de uma ficha de trabalho, onde os alunos dever�o indicar o tema subjacente a cada um dos textos, as suas teses e as notas diferenciadoras que nos permitem uma aproxima��o ao m�todo filos�fico.

 

FILOSOFIA

10� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 17

 

FICHA DE TRABALHO

 

Qual o tema subjacente aos textos? E qual a tese defendida em cada um deles?

Faz um levantamento dos termos, presente nos textos, cujo significado desconhe�as e procede � sua investiga��o.

 

Texto n� 3

1. Faz um levantamento dos conceitos ou termos mais importantes.

2. Divide o texto nas suas partes principais.

3. Elabora pequenas fichas sobre: Plat�o, Arist�teles e o per�odo Helen�stico.

 

Retira dos textos frases que confirmem a dupla dimens�o da Filosofia e ordena-as no seguinte quadro:

 

DIMENS�O TE�RICA

DIMENS�O PR�TICA

. .
. .
. .
. .
. .

 

FILOSOFIA

10� ANO                                                                                                                                                 ANEXO 18

 

FICHA DE TRABALHO

 

APROXIMA��O � FILOSOFIA

Objectivo: Distinguir o questionamento filos�fico de outros tipos de questionamento.

Quantos dentes tem o urso polar?
A que temperatura funde o cobre?
Quem descobriu a Austr�lia?
A que velocidade caem os corpos?
Qual o consumo espanhol de petr�leo?
Qual � o veneno contido na amanita cotrina?
At� que ponto s�o perigosos as centrais nucleares?
Quem foi o vencedor da batalha de lepanto?
O H�ngaro � uma l�ngua indo-europeia?

Porque existe o ser, e n�o o nada?
O que � o conhecimento?
O que � a verdade?
Existe autodetermina��o a partir da liberdade?
O que � o Homem?
O que � a vida?
O que � a linguagem?
Existe Deus?
O que � o bem moral?
A hist�ria tem um sentido?

QUESTION�RIO:
1- As respostas �s quest�es formuladas na coluna da esquerda podem ser dadas pela ci�ncia? Justifica.
2- A resposta que se der � primeira quest�o - "Quantos dentes tem o urso polar?" - ser� muito problem�tica? Justifica.
3- �s capaz de responder � primeira quest�o da coluna da direita? Como o farias?
4- H� alguma ci�ncia que d� a essa pergunta uma resposta que possa ser aceite pela maior parte dos homens? Justifica.
5- Notas alguma diferen�a entre as perguntas da esquerda e as da direita? Coloca as diferen�as nas seguintes colunas.
As quest�es da esquerda s�o:
.
.
.
.
.
As quest�es da direita s�o:
.
.
.
.
.
Defini��o. Uma quest�o filos�fica �:

 

GUI�O DE AN�LISE (anexo 18)

 

Objectivos espec�ficos:

- Comparar a quest�o filos�fica com outro tipo de quest�es.
- Identificar as caracter�sticas da quest�o filos�fica.

 

Metodologia de an�lise:

- Leitura das v�rias quest�es por parte de um aluno.
- M�todo interrogativo de modo a levantar as diferen�as entre as quest�es da esquerda e da direita.
- Caracteriza��o dos diversos tipos de quest�o.
- Defini��o da quest�o filos�fica.

 

Conte�dos informativos:

- Uma quest�o filos�fica � uma pergunta radical, que interessa a todos os homens, relativa a problemas existenciais, de sentido, que exige reflex�o e autonomia, suscept�vel de ser discutida e partilhada.

 

Tarefas:

- Elaborar uma poss�vel defini��o da quest�o filos�fica.