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- O Programa consta da leitura integral de tr�s obras filos�ficas, de um elenco de 22,
cobrindo obrigatoriamente tr�s das quatro �pocas: Antiga, Medieval, Moderna e
contempor�nea.
- A orienta��o metodol�gica n�o parte da formula��o de temas, problemas,
ou dos autores para as obras, mas toma a obra como ponto de partida e
o seu entendimento como ponto de chegada. Pela interpreta��o e coment�rio o aluno
aperceber-se-� da experi�ncia discursiva que elaborou a obra, ou seja, processos,
problemas e doutrinas que alimentam o seu discurso. O aluno despertar�, portanto,
para elementos que comp�em o discurso: contexto s�cio-cultural, tipo de linguagem usada,
modo particular de encarar o tema (epistemol�gico, ontol�gico, �tico, social,
pol�tico), m�todo utilizado, argumenta��o, interlocutor, como serviu de despertador �
humanidade do seu tempo, poss�veis aporta��es ao tempo que � o nosso, em resumo,
desmontar a g�nese da obra, projectar a obra para o antes e o depois: repensar por n�s o
que j� foi pensado, utilizando toda a nossa experi�ncia acumulada. A obra � assim um
modelo vivo, concretiza��o de capacidades e compet�ncias, que motivar�o o aluno ao
ensaio por escrito, atravessando toda a obra ou uma pequena parte, como, tese de autor,
tipo de argumenta��o, contexto, influ�ncia particular noutro(s) autor(es), o que nos
trouxe de novo, tens�o com os pr�prios preconceitos.
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2. DUPLA FUN��O DA
OBRA FILOS�FICA
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- Nesta op��o program�tica, a utiliza��o did�ctica da obra filos�fica ordena-se
para uma dupla finalidade.
- Em primeiro lugar, o processo interpretativo atender� ao dinamismo dial�ctico e �
formula��o lingu�stica do discurso, com a finalidade de levar o aluno � compreens�o
da obra como modelo discursivo. Todas as actua��es did�cticas, que preenchem este
processo anal�tico, h�o-de ir encaminhadas para a aquisi��o, por parte do aluno, da
compet�ncia de elaborar o discurso filos�fico mediante a escrita.
- Em segundo lugar, o primeiro objectivo n�o se alcan�ar� nunca se o aluno n�o for
simultaneamente instru�do nos processos, problemas e doutrinas filos�ficas que alimentem
o seu discurso e lhe d�em a capacidade de situ�-lo nos dom�nios da filosofia, onde a
obra em an�lise aparece inserida.
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3. LEITURA INTEGRAL
DE TR�S OBRAS DE �POCAS DIFERENTES
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5.1. A ESS�NCIA DO M�TODO PROPOSTO
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- Ler a obra n�o significa apenas ler a obra inteira, mas ler tudo quanto
h� para ser lido, ler por dentro at� ao mais �ntimo do texto.
Significa, portanto, estar atento ao tema fundamental e secund�ria, �s partes em que se
divide a obra, � argumenta��o, a reac��es � obra, � conclus�o, ao significado que
os termos t�m no autor. O emprego de neologismos tem como finalidade expandir as
potencialidades expressivas da linguagem a fim de revelar e dar o nome a faces e recessos
da experi�ncia humana, ainda n�o explorados. Descobrir o acontecer do texto. O
movimento do texto � insepar�vel do encontro e reestrutura��o da consci�ncia do
leitor. COMUNICA��O.
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5.2. RECIPROCIDADE DO LER E ESCREVER |
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- Ler � a �nica via de acesso ao escrever. Lendo, detectamos as
categorias da linguagem, o tecido que estrutura o discurso, a configura��o de
hip�teses, argumentos a que o autor recorre, o impacto na exist�ncia e na hist�ria.
Esta reflex�o do aluno sobre o texto escrito desencadear� um movimento no sentido de que
o aluno escreva o seu pr�prio texto e o problematize numa perspectiva de
aperfei�oamento.
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5.3. O COMENT�RIO |
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- Atrav�s de pequenos ensaios, o aluno far� coment�rios sobre temas tratados na
obra em estudo. Esses ensaios poder�o revestir v�rias formas: exposi��o de uma
passagem da obra; cr�tica a uma posi��o doutrin�ria; a uma argumenta��o;
problematiza��o dos pressupostos ou consequ�ncias de uma teoria; an�lise da linguagem
ou da argumenta��o ; resumo da obra ou parte dela; desenvolvimento de partes
doutrin�rias; estudo comparativo com outras obras; ju�zos valorativos das posi��es
fundamentais e inovadoras. Mediante o coment�rio, o aluno aprofundar� e ultrapassar� o
n�vel de reflex�o e cientificidade, em rela��o aos conhecimentos, capacidades e
compet�ncias adquiridas no 10� e 11� anos.
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5.4. JU�ZO CR�TICO SOBRE CADA UMA DAS OBRAS-TEXTO |
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- O aluno ao ter alcan�ado a compet�ncia pr�pria de uma leitura rigorosa,
encontrar-se-� apto a elaborar um ju�zo, aprecia��o ou saber sobre a obra, a
sua linguagem e argumenta��o, o seu pensamento, o seu valor filos�fico, o seu
significado no conjunto das obras do autor e na hist�ria da filosofia O ju�zo
elaborado n�o versar� meramente a estrutura da obra, completa e fechada sobre si mesma,
mas tamb�m como �ltimo horizonte a val�ncia da verdade que a obra projecta
sobre regi�es da experi�ncia por ela pensadas. De facto uma obra n�o �
meramente um esqueleto de conceitos, sem vida, mas � uma voz, que tem significado
hist�rico e interpela o nosso tempo, tem um significado a partir das viv�ncias actuais e
� sempre a express�o do leitor-escritor.
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5.5. PARTICIPA��O ACTIVA DO ALUNO |
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- Atendendo ao curto espa�o do ano lectivo, �s exig�ncias da leitura integral, somente
pela participa��o pessoal ser� poss�vel alcan�ar o m�nimo de maturidade
discursiva.
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5.6. AVALIA��O |
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- O Programa de Filosofia � um exerc�cio filos�fico a partir do pr�prio texto
filos�fico. Esse exerc�cio tem quatro momentos:
- LEITURA - que � recolha, intelig�ncia e express�o oral e escrita do que � colhido e
inteligido na obra.
- REFLEX�O ANAL�TICA E CR�TICA - que � esfor�o de interpreta��o, identifica��o do
tema central, percep��o da express�o pr�pria, apropria��o da argumenta��o da
obra.
- COMENT�RIO - segundo as diferentes formas explicitadas neste ponto do programa
[4.5.3.]
- JU�ZO CR�TICO - Com todas as implica��es expressas neste ponto do Programa [4.5.4.],
o que permitir� ao aluno n�o s� aprender a exercitar a capacidade cient�fica da
valora��o da obra filos�fica, mas tamb�m transpor essa capacidade para outros
dom�nios da sua actividade, nomeadamente para a atitude humana e c�vica de julgar e de
optar perante os acontecimentos da vida e do mundo.
- Estes quatro momentos do trabalho filos�fico � que s�o a verdadeira mat�ria do
Programa, que pode e deve ser exercitada a prop�sito de qualquer texto. � por isso que
uma avalia��o nacional n�o est� dependente do conte�do concreto desta ou daquela
obra, podendo ser feita a partir de quaisquer textos de uma obra filos�fica.
� por isso que o Programa afirma que aprender a filosofia � aprender n�o
s� a dialogar e a expressar-se oralmente, mas principalmente a elaborar com
cientificidade o discurso filos�fico escrito. Com base neste pressuposto, ser�
sobretudo atrav�s dos m�ltiplos trabalhos escritos que se torna poss�vel uma
avalia��o objectiva dos n�veis de compet�ncia alcan�ados pelo aluno na elabora��o
do discurso filos�fico e do �mbito de conhecimentos respeitantes �s Obras-Texto e em
geral aos temas que a hist�ria da filosofia cont�m.
Como suporte documental para tal avalia��o deve ser organizado o arquivo do aluno, no
qual se guardem os seus trabalhos escritos e registem os pareceres e orienta��es, bem
como men��o sobre as participa��es activas em geral.
[Do Programa de 12� Ano, Minist�rio da Educa��o,
Departamento do Ensino Secund�rio, Lisboa Abril de 1995]
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