TERMOS FILOSÓFICOS


Apodíctico: em lógica, aquilo que possui evidência de direito e não apenas de facto; o que é necessário. Opõe-se ao «assertórico» e ao problemático no quadro das categorias kantianas.

Aporia: dificuldade impossível de ultrapassar, impasse.

Ataraxia: ideal de tranquilidade de espírito preconizado pelos filósofos epicuristas e estóicos.

Causa sui: causa de si.

Cepticismo: doutrina segundo a qual, o espírito humano não pode alcançar com exactidão nenhuma verdade e deve, consequentemente, suspender todo e qualquer juízo.

Cinismo: do grego kunikos, que se assemelha ao cão. Esta escola coloca a felicidade na virtude e desvaloriza todas as convenções, incluindo a moral.

Dasein: o ser-aí, o existente. Segundo heidegger, o Dasein não é um existente entre outros, ele é o único ente* que existe no sentido próprio do termo. Designa o homem.

Democracia: poder exercido pelo povo e para o povo.

Despotismo: regime político em que «um só, sem lei nem regra, impõe a todos, a sua vontade e os seus caprichos.» (Montesquieu).

Determinismo: princípio segundo o qual todos os fenómenos estão ligados uns aos outros, por meio de relações ou leis necessárias.

Diferença ontológica: designa a diferença entre o ente * e o que faz o ente ser.

Dogmatismo: crença no poder absoluto da razão.

Empirismo: doutrina segundo a qual a fonte de todo o conhecimento provém da experiência sensível.

Ente: segundo Heidegger, este conceito engloba duas significações que remetem uma para a outra. Nominal: o ente = aquilo que é (ex: o estudante, aquele que estuda). Verbal: o ente = acto de ser (o estudante, no acto de estudo).

Epicurismo: doutrina fundada por Epicuro, que afirma que para se atingir a felicidade, basta não temer os deuses e a morte, e procurar os prazeres simples da vida.

Epistemologia (1906): estudo crítico das ciências, com o objectivo de determinar a sua origem lógica e o seu valor; teoria do conhecimento e da sua validade.

Escatologia: estudo dos fins últimos do homem e do universo. No evangelho segundo Mateus (XXIV-XXV), o discurso escatológico de Cristo anuncia o fim do mundo e o juízo final.

Escolástica: Na Idade Média, filosofia e teologia ensinada nas universidades, no século XVIII, adquire o sentido da filosofia que apresenta os carácteres formalistas, abstractos.

Essência: conjunto de qualidades pelas quais um ser existe e se define. Conjunto dos elementos constitutivos de um ser, sem os quais não teria realidade alguma. Opõe-se a acidente.

Estoicismo: doutrina que preconiza a indiferença à dor e a firmeza de ânimo, para opor aos males e agruras da vida.

Estruturalismo: teoria segundo a qual, o estudo de uma categoria factual deve primeiramente ter em consideração as estruturas. Teoria linguísitca moderna que procura entender a língua como um conjunto estruturado em que as relações definem os termos. Corrente rival do existencialismo que culminou na década de sessenta.

Eudemonismo: doutrina filosófica segundo a qual a moralidade consiste na procura da felicidade, tida como o bem supremo.

Existência: na filosofia, a existência contrapõe-se à essência. A essência designa o que as coisas são; a existência o facto de as coisas serem. Com Heidegger, existir designa o modo especificamente humano da existência: ser fora de si, projectar-se para.

Exotérico: relativo ao público não iniciado. Opõe-se a esotérico.

Facticiedade: na filosofia existencialista, carácter do que é apenas um facto, sem necessidade e sem razão.

Fenomenologia: ciência dos fenómenos, iniciada por Hegel, desenvolvida por Husserl; método que se propõe, mediante a descrição das coisas mesmas, descobrir as estruturas transcendentes da consciência e das essências.

Fisicalismo: doutrina segunda a qual, em epistemologia*, as ciências humanas devem exprimir-se com o vocabulário das ciências físicas e inspirar-se na sua metodologia.

Gnose: conhecimento dos mistérios da religião, a gnose é por vezes o saber por excelência; na sua versão heterodoxa, invoca o esoterismo. O gnóstico aspira a um conhecimento de ordem superior; agnóstico, aquele que apesar de não rejeitar as teses metafísicas, considera impossível o seu estabelecimento.

Hedonismo: doutrina que atribui ao prazer uma predominância, quer de facto, quer de direito.

Hermenêutica: «Conjunto dos conhecimentos que permite fazer falar os signos e descobrir o seus sentidos». (Michel Foucault), interpretação dos textos religiosos e profanos, dos símbolos. Arte de interpretar.

Idealismo: teoria das ideias segundo Platão, para quem as essências ou as ideias existem por si mesmas, separadas das realidades sensíveis que participam delas. Igualmente, doutrina segundo a qual o pensamento é a origem e a fonte de todo o conhecimento.

Logos: termo que designa simultaneamente a palavra e a faculdade racional. O logos significa o discurso racional, a procura da verdade.

Metafísica: para-além (meta) do ente, da natureza (physis) em direcção ao ser. Emmanuel Kant definiu-a como «o conhecimento que se eleva totalmente acima dos ensinamentos da experiência, através dos simples conceitos».

Monismo: sistema que considera o conjunto de todas as coisas redutíveis à unidade, opõe-se ao dualismo e ao pluralismo. O materialismo, o idealismo* e o panteísmo, constituem diversas formas de monismo.

Necessário: que não pode ser de outro modo.

Nomologia: estudo das leis.

Ôntico: segundo Heidegger, o termo designa o que se refere ao ente*, isto é, aos seres do mundo.

Ontologia: disciplina que se esforça por dizer o que o ser é ou o que verdadeiramente é. Aristóteles designa-a como a disciplina filosófica que consiste «no estudo do ser enquanto ser».

Opinião: afirmação que não é submetida ao exame crítico, mas que é tida como verdadeira por aquele que a enuncia.

Postulado: segundo Kant, designação de uma «proposição teórica que, enquanto tal, não pode ser provada».

Predestinação: doutrina segundo a qual, Deus conduz as criaturas racionais e livres para o seu fim sobrenatural, quer dizer, se serão salvas ou não, independentemente das suas obras.

Predicado: aquilo que se afirma ou nega acerca de um sujeito.

Princípio: o que é primeiro, razão de ser de tudo o que se segue.

Providência: acção divina sobre a natureza.

Providencialismo: doutrina filosófica, que atribui à intervenção divina, o curso dos acontecimentos naturais.

Racional: o conhecimento racional é obtido quer pela demonstração, quer pela via experimental; opõe-se ao conhecimento vulgar, à opinião.

Racionalismo: doutrina que atribui à razão o poder de conhecer a verdade.

Relativismo: doutrina que afirma a relatividade do conhecimento.

Ser-em-si: o ser que existe por si mesmo, separado de toda e qualquer relação com o homem.

Sofista: (de sophos) sábio; aquele que «faz da sabedoria uma profissão», e que está portanto apto a dissertar sabiamente sobre qualquer assunto. Neste sentido, aquele que ensina aos outros a arte de argumentar sabiamente. O sofista é o adversário do filósofo.

Substância: o que constitui o suporte de qualidades susceptíveis de mudança, e não é ele próprio suportado por outra coisa, mas existe em si mesmo: o que existe por si e não por outrem.

Teleologia: estudos dos fins, da finalidade.

Teodiceia: termo criado por Leibniz, do grego theos (Deus) e dikê (justiça). Refutação das objecções levantadas em função da existência do mal contra a bondade divina.

Teologia: meditação a respeito da existência de Deus e dos Seus atributos e relações com o Universo.

Teologia natural: toma em consideração a experiência, a observação da natureza ou a experiência moral.

Transcendência: que transcende. Designa o que é metafísico*, o que ultrapassa ou vai além da natureza: quer a ideia (suprasensível), quer Deus (Ser supremo).

Utilitarismo: doutrina fundada principalmente por Jeremy Bentham e por John Stuart Mill (1861), segundo a qual o útil é o princípio de todos os valores, nos domínios do conhecimento (pragmatismo) e da acção (utilitarismo moral e económico). Fixa como fim último os prazeres maiores ou os prazeres mais elevados.